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Lusodescendente acredita que Portugal pode mediar crise venezuelana

O político luso-venezuelano Juan Barreto considerou que Portugal é um país que poderia servir de mediador na crise política, económica e social da Venezuela, por manter uma posição de não-ingerência nos assuntos internos.

“Portugal poderia, no âmbito da Comunidade Europeia, participar em qualquer mediação, porque não tem fixado, abertamente, uma posição sobre as diatribes que têm lugar na Venezuela”, disse.

Em declarações à Agência Lusa, o líder do Redes, um movimento político que surgiu de uma aliança de organizações, indivíduos e grupos políticos, em 2012, dentro do ‘chavismo’, mas distanciado do Partido Socialista Unido da Venezuela, sublinhou que Portugal poderia mesmo ter um papel importante nesse sentido.

“Embora Portugal sempre se tenha mantido distanciado dos assuntos internacionais e tenha uma posição de não-intervenção, pode vir a desempenhar um papel extraordinário a partir da União Europeia”, frisou.

Descendente de um madeirense, Juan Barreto considerou que se a situação atual continuar na Venezuela, vai continuar a deteriorar-se a vida quotidiana dos venezuelanos e a agravar-se a escassez de produtos e de gasolina, devido à falta de matérias-primas que são importadas e aos “efeitos do bloqueio”.

“Desde há anos que o Governo fala de guerra económica, mas só a partir do mês de janeiro (último), com as últimas medidas e sanções (norte-americanas), se pode falar com clareza de um bloqueio e de uma guerra económica, que somada à corrupção, à falta de decisões e à inatividade do Estado, torna a situação muito mais crítica”, disse.

Juan Barreto que, com o poio das forças que apoiavam o falecido Presidente Hugo Chávez, foi presidente da Câmara Metropolitana de Caracas entre 2004 e 2008, é da opinião que a situação na Venezuela “é limite, crítica, mas isso não quer dizer que se traduzirá imediatamente na saída do Presidente Nicolás Maduro”.

“A força de gravidade não derruba governos. Enquanto Maduro tiver o apoio maioritário das Forças Armadas, que têm sido privilegiadas pelo seu Governo, manter-se-á no poder”, disse.

No seu entender, uma saída para a crise na Venezuela tem que ser negociada, “não é possível nem desejável uma intervenção, nem um golpe militar, nem uma solução violenta”.

“Não é possível uma intervenção militar norte-americana, do ponto de vista geográfico, a Venezuela é muito grande, os EUA não invadiram países muito grandes, o Irão e o Vietname são uma quinta parte da Venezuela”, disse, defendendo uma aliança de forças sociais que se expressem nas ruas e em termos internacionais.

Por isso, disse que gostaria “que todos os países do mundo entendessem que o seu papel é não se intrometer nos assuntos internos de outras nações mas garantir a autonomia, a integridade territorial, a independência e a autodeterminação de cada um dos povos, a sua soberania”.

“O México e o Uruguai têm mantido uma posição nesse sentido (…), os países do mundo que têm o peso mais importante do ponto de vista militar e geopolítico – Rússia, China, Turquia – estão do lado de (Nicolás) Maduro”, disse.

E insistiu que “os EUA, Inglaterra e a União Europeia, devem entender que o seu papel é pressionar para uma saída negociada e garantir que essa saída se leve a cabo”.

Por outro lado, lamentou que a oposição “jogue em termos maximalistas, tudo ou nada” ao exigir que “Maduro tem de sair” do poder.

“Se Maduro tem o poder, os militares, a Pdvsa (petrolífera estatal), porque é que vai renunciar ao poder”, questionou.

No seu entender, uma saída pela força teria um custo muito alto para os venezuelanos.

 

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