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Advogado lusodescendente destaca corrupção e oportunismo

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O advogado luso-sul-africano José Nascimento destacou o oportunismo e a corrupção nos atuais governantes do ANC, na África do Sul, que se distanciaram dos valores defendidos pelo antigo estadista Nelson Mandela.

“Mandela, se fosse vivo, certamente que estaria muito desapontado com o que se assiste na África do Sul, ele não foi encarcerado por 27 anos para os dirigentes políticos sul-africanos estarem a aproveitar-se oportunisticamente dos seus cargos políticos como muitos fazem”, declarou José Nascimento.

O advogado português falava à Lusa sobre o significado para o país do 10.º aniversário da morte do líder histórico do ANC, e primeiro Presidente da democracia pós-‘apartheid’ sul-africana, que morreu em 05 de dezembro de 2013, em Joanesburgo, com 95 anos.

“Se havia alguém que não precisava de se sacrificar era Mandela, que juntamente com Oliver Tambo eram os únicos advogados negros na África do Sul, tinha um mercado cativo, tinha um mercado internacional onde já era bem conhecido, portanto, ele tinha mercado, tinha clientes, locais e estrangeiros, e não tinha nada que se preocupar com a luta pela igualdade, pela dignidade dos seus compatriotas se pensasse como pensam os dirigentes atuais”, salientou.

Nascimento relembrou que Mandela foi preso por uma causa, considerando que após trinta anos de democracia “não faz sentido, aliás é uma traição a Mandela, e à sua luta e à sua causa, que era uma causa pura e reivindicativa, e que nada tem [que ver] com o oportunismo e corrupção dos atuais dias”.

Todavia, o advogado português considerou que Mandela continua a representar uma “fonte de esperança, que quando está tudo contra a corrente dos tempos” há sempre a necessidade de trabalhar e pugnar “pelo que é justo e correto”.

Nesse sentido, questionado pela Lusa sobre se existe respeito pelos Direitos Humanos na África do Sul democrática, José Nascimento considerou que “em termos institucionais existe, e que qualquer pessoa pode reivindicar os seus direitos humanos”.

Ainda assim, sobre o futuro do país, a economia mais desenvolvida do continente, avançou que “grande parte” da sua esperança “está depositada” no relacionamento do país africano com o bloco de países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), porque o bloco “ainda pode vir a ser a salvação” em termos de uma melhoria para o país, o que não será possível sem a ajuda externa.

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