O representante diplomático de Taiwan em Portugal saudou esta semana a visita de uma delegação de deputados portugueses à ilha e, em declarações à Lusa, mostrou vontade de que ministros portugueses façam o mesmo, para estreitar relações comerciais.
Um grupo de sete deputados portugueses está desde hoje de visita a Taiwan, numa deslocação a título pessoal e autorizada pelo Parlamento, numa altura em que visitas oficiais de políticos ocidentais têm merecido fortes críticas da China.
Numa mensagem enviada à agência Lusa, o representante de Taiwan em Portugal, Chang Tsu-che, disse não estar preocupado com a reação de Pequim à presença de deputados portugueses no arquipélago, autónomo desde 1949 mas cuja soberania a China reivindica.
“Não consideramos a reação da China, porque qualquer coisa que Taiwan faça ou não faça, a China está sempre contra. O nosso objetivo é procurar mais intercâmbio e cooperação bilateral em todas as áreas”, explicou Chang.
Na rede social Twitter, o Ministério dos Negócios Estrangeiros taiwanês saudou a chegada da comitiva composta por quatro deputados do PSD (Paulo Rios de Oliveira, João Moura, Carlos Eduardo Reis e Helga Correia) e três do PS (João Castro, Norberto Patinho e Vera Braz), que deverá visitar centros tecnológicos e culturais e reuniões com o vice-Presidente, membros do Governo e parlamentares da ilha, de acordo com uma notícia do jornal Expresso.
“Desejamos aos sete deputados uma visita produtiva com o enfoque na construção de uma #DemocráticaProsperidade global”, escreveu a representação, na mensagem no Twitter.
Chang Tsu-che lembrou que desde 1992, quando Taiwan estabeleceu uma representação em Lisboa, quase todos os anos uma delegação parlamentar portuguesa tem visitado a ilha.
“Após a visita, os deputados podem ajudar o Governo português a obter informações para melhorar as políticas sobre Taiwan”, reconheceu o representante, que recordou que o primeiro-ministro António Costa esteve recentemente a visitar a Coreia do Sul.
“Se ele fizesse uma visita a Taiwan, para conhecer a nossa realidade, seria ótimo”, disse à Lusa Chang, embora reconhecendo que isso “é neste momento muito difícil”.
O representante de Taiwan em Portugal contentava-se, para já, com a visita de ministros do Governo português, imitando o que vários países europeus já têm feito no passado recente, dando o exemplo da ministra da Educação da Alemanha, Betina Stark-Watzinger, que se deslocou à ilha para trabalho de aproximação diplomática.
“Este tipo de visita (de parlamentares) pode ajudar o entendimento mútuo entre Taiwan e Portugal, para compensar a falta de intercâmbio entre os governos”, disse Chang Tsu-che.
A Lusa procurou uma reação a esta visita por parte da embaixada da China em Lisboa, mas até à divulgação desta notícia não foi possível obter uma resposta.
A China considera Taiwan uma província que faz parte do seu território e que pretende recuperar a qualquer momento, sem descartar o uso da força para tomar a ilha, que tem Washington como seu principal aliado.
No início deste mês, a China voltou a responder com novos exercícios militares depois de o novo líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, ter recebido em Washington a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.
A visita parlamentar portuguesa acontece uma semana depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter sugerido, durante uma viagem a Pequim, que a União Europeia deve ter uma posição própria sobre o conflito que opõe Taiwan às autoridades de Pequim, demarcada do posicionamento dos Estados Unidos.
“Nós, europeus, não devemos ser seguidores nem temos de nos adaptar ao ritmo norte-americano ou a uma reação exagerada chinesa”, disse Macron, que defendeu uma maior “autonomia estratégica” em termos diplomáticos por parte de Bruxelas.