O nadador Diogo Ribeiro foi eleito Atleta Masculino de 2023, com a ciclista Maria Martins a ser escolhida na categoria feminina, numa Gala do Desporto em que o futebol e a canoagem ‘empataram’ em galardões.
A Gala da Confederação do Desporto de Portugal (CDP) ‘deslocou-se’ do Casino Estoril para o Pavilhão Carlos Lopes, precisamente o grande homenageado da noite – recebeu o prémio Mérito Desportivo-Alto Prestígio -, mudou de ‘roupagens’ e datas, mas manteve a tradição de distinguir os melhores no desporto, entre os quais estavam ainda Hélio Lucas (Treinador) e Norberto Mourão (Desporto Adaptado), ambos representantes da canoagem, a seleção feminina de futebol (Equipa) e o futebolista João Neves (Jovem Promessa).
Aos 19 anos, Diogo Ribeiro estreia-se entre os galardoados na categoria Atleta Masculino, batendo nomes de peso: o canoísta Fernando Pimenta, vencedor da passada edição e que conquistou 13 medalhas, entre as quais três de ouro em Mundiais de velocidade e maratona, o futebolista Bernardo Silva, campeão inglês, europeu e mundial ao serviço do Manchester City, e os ciclistas Iúri Leitão, campeão mundial de omnium, e João Almeida, terceiro classificado na Volta a Itália.
“Queria agradecer o prémio, a toda a gente que me apoiou”, começou por dizer o atual campeão mundial de 50 e 100 metros mariposa, que hoje concorria à distinção de Atleta Masculino de 2023 com a prata conquistada nos 50 mariposa dos Mundiais Fukuoka2023, antes de revelar que quase não conseguia “chegar a tempo” para receber o prémio, por estar a treinar.
Se a escolha do ‘prodígio’ Diogo Ribeiro era expectável, a de Maria Martins surpreendeu, com a campeã europeia de scratch a ser eleita Atleta Feminina de 2023 frente à vencedora do ano passado, Auriol Dongmo, campeã europeia do lançamento do peso em pista coberta, à canoísta Teresa Portela, campeã da Europa de K2 200 metros misto, à ginasta Filipa Martins, que alcançou o terceiro apuramento para Jogos Olímpicos, e à futebolista Francisca ‘Kika’ Nazareth, que integrou a seleção feminina que se qualificou pela primeira vez para um Mundial.
“Estou muito surpreendida, muito sinceramente. Quero deixar uma palavra de agradecimento à minha equipa, que tem estado sempre comigo. Podia estar a enumerá-los, mas eles sabem quem são”, declarou ‘Tata’ Martins, com a pistard portuguesa a emocionar-se no seu discurso.
Entre os nomeados para Treinador do Ano, Hélio Lucas, treinador com mais títulos europeus e mundiais e medalhas na canoagem portuguesa, foi o preferido, em detrimento dos selecionadores Alberto Silva (natação), Gabriel Mendes (ciclismo de pista), Paulo Jorge Pereira (andebol) e Francisco Neto (seleção A feminina de futebol).
“Para mim, foi uma honra estar mais uma vez nomeado. Confesso que não estava nada à espera”, admitiu Lucas.
A canoagem, aliás, foi duplamente premiada, já que o paracanoísta Norberto Mourão, vice-campeão europeu em VL2, foi eleito na categoria Desporto Adaptado. Os outros nomeados eram os nadadores Diogo Cancela e Vicente Pereira, o judoca Miguel Vieira e Carla Silva Oliveira (boccia).
Também o futebol saiu do Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, com dois prémios: o de Equipa do Ano e o de Jovem Promessa, atribuídos, respetivamente, à seleção feminina que conquistou o inédito apuramento para Campeonatos do Mundo, e ao médio João Neves, do Benfica.
A seleção feminina de futebol, que caiu na fase de grupos na sua estreia em Mundiais, superiorizou-se aos canoístas João Ribeiro e Messias Batista, campeões mundiais de K2 500 metros, à equipa sénior ‘all around’ da ginástica de trampolins, vice-campeã mundial, aos ciclistas Ivo Oliveira e Iúri Leitão, que conquistaram um inédito ouro na etapa de Milton da Taça das Nações de Pista na disciplina olímpica de madison, e à dupla da patinagem artística Ana Walgode e Pedro Walgode, campeões mundiais e europeus na categoria de pares de dança.
“É um prémio que diz muito a um grupo de jogadoras que representam uma geração”, salientou o selecionador Francisco Neto, enaltecendo a afirmação do desporto feminino através da visibilidade alcançada pelo seu grupo de jogadoras “muito ambiciosas” que não “teve barreiras”.
Já João Neves, de 19 anos, – e que esteve ausente da cerimónia – superou a concorrência do ciclista António Morgado, vice-campeão mundial de fundo de sub-23, do triatleta João Nuno Batista, campeão mundial júnior, do skater Diogo Madu Teixeira, quarto no Festival Olímpico da Juventude Europeia, e do andebolista Diogo Rêma, guarda-redes do FC Porto e internacional pela seleção.
A 27.ª Gala do Desporto encerrou com a homenagem a Carlos Lopes, distinguido com o Prémio Alto Prestígio, a mais alta distinção da entidade, no ano em que se completam 40 anos desde que se sagrou campeão olímpico da maratona em Los Angeles1984 – o primeiro ouro de Portugal em Jogos Olímpicos.
“Acho que valeu a pena todos os sacrifícios que fiz ao longo da minha carreira”, confidenciou à plateia, já depois de, numa mensagem gravada, defender que “o país precisa de pessoas que pensem o desporto a sério”.