PS demarca-se do Orçamento de Estado apresentado pelo PSD
O líder do PS, Pedro Nuno Santos, defendeu esta quinta-feira que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 “nunca será” o dos socialistas e considerou que o Governo não tem competência para resolver os problemas do país.
“Já o afirmei e afirmo de novo aqui: este não é nem nunca será o orçamento do PS. Não é o nosso orçamento, não tanto porque seja da responsabilidade do Governo do AD, mas porque traduz uma visão que nós não partilhamos do país, dos seus problemas e dos caminhos para os resolver”, afirmou Pedro Nuno Santos no discurso no encerramento de debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
Afirmando que o PS nunca se quis substituir ao Governo na elaboração deste documento, o secretário-geral do PS recordou as três propostas que levou a Luís Montenegro durante as negociações orçamentais, que terminaram sem acordo, para “garantir mais segurança e estabilidade à vida dos portugueses”.
“O país de 2024 não tem comparação com o país de 2015. Naturalmente, não resolvemos todas as dificuldades e novos problemas juntaram-se aos antigos”, comparou o líder do PS.
À pergunta se conseguirá o Governo da AD resolver os problemas do país, Pedro Nuno Santos deu uma pronta resposta negativa.
“Não. Eu sei que este Governo tem apenas sete meses, mas já é tempo suficiente para percebermos que não tem nem a competência, nem as soluções para os problemas do país”, acusou.
Entre as propostas que o PS levou ao Governo e nas quais o líder do PS insistiu está o aumento das pensões acima do atualização prevista na lei porque é preciso “continuar no próximo ano” o esforço que os executivos socialistas fizeram nos últimos oito anos de “melhorar os rendimentos, de forma permanente, da população que vive com pensões baixas”.
“Aumentar pensões não é alimentar clientelas, é respeitar os mais velhos, os nossos pais e os nossos avós. Os reformados não podem ficar à espera da próxima Festa do Pontal, em vésperas de eleições autárquicas, para saberem se vão receber um suplemento em outubro”, defendeu.
Outra das propostas de Pedro Nuno Santos é o aumento de “forma massiva o parque público de Habitação”, criticando as medidas do Governo PSD/CDS-PP por serem “erradas e nada fazerem para aumentar a oferta para a classe média”.
A terceira proposta foi a criação de um regime volutário de exclusividade dos médicos no SNS, avisando que se não houver capacidade de reter estes profissionais “não haverá SNS para ninguém daqui a alguns anos”.
Comprometendo-se a dar a todos os portugueses, e não apenas a alguns, “um futuro com segurança, estabilidade e esperança”, Pedro Nuno Santos referiu que “o PS é o partido português com mais experiência de governo e o que melhor conhece o Estado, as suas forças e as suas limitações”.
A maior ovação, na qual a bancada toda do PS se levantou para aplaudir o seu líder, surgiu a meio do discurso quando o líder do PS admitiu que, “quando a insegurança e a instabilidade são endémicas, a esperança pode ser derrotada pelo medo”.
“E todos sabemos que há, na política quem viva do medo, quem se alimente do medo, quem promova o medo. Aos que exploram a insegurança e a instabilidade para semear o medo, dizemos que não temos medo, que os enfrentaremos e os derrotaremos”, afirmou, olhando no final da sua frase diretamente para bancada do Chega.
O líder do PS sublinhou sete desafios aos quais o partido se dedicará nos próximos tempos, três dos quais decorrentes das alterações climáticas”: desertificação e a falta de água no sul do país, os incêndios e a erosão da costa.
A estes, segundo o líder do PS, juntam-se quatro desafios sociais e económicos como a transformação da estrutura da economia portuguesa, o combate ao despovoamento da maior parte do território, a preparação do país e os serviços públicos para uma população crescentemente envelhecida e a regulação “com eficácia e humanismo” da imigração.