Os painéis ainda lá estão, mas acabaram as portagens no Algarve

Vários utilizadores da autoestrada 22 no Algarve congratularam-se dia 1 de janeiro pela abolição do pagamento das taxas de portagens, uma medida reclamada há cerca de 14 anos pelas populações de todos os concelhos algarvios.
As primeiras horas do primeiro dia sem portagens na A22 não aumentou o tráfego rodoviário e foram poucos os automobilistas que se associaram ao apelo para buzinarem para assinalar a data.
A abolição de portagens nos lanços e sublanços das autoestradas conhecidas por SCUT (sem custos para o utilizador) entrou em vigor às 00:00, após cerca de 14 anos de luta das populações contra a cobrança.
A reportagem da Lusa percorreu hoje a A22, a via longitudinal também conhecida por Via do Infante que liga os concelhos algarvios, entre Vila Real de Santo António e Lagos, tendo constatado pouco tráfego durante a manhã.
Nos vários acessos à A22 são ainda visíveis as placas com a indicação do pagamento de portagens e nos dois sentidos as placas com a indicação do valor cobrado em cada classe de veículos.
Contudo, não é audível o sinal sonoro dos identificadores de cobrança automática na passagem pelos pórticos, o que indica que estão desativados.
Alguns automobilistas contactados pela Lusa na área de serviço de Silves, disseram que “não foi a abolição das portagens” que os fez circular na via no primeiro dia do novo ano.
“Circulo habitualmente nesta via e creio que a abolição não vai ter grande impacto na carteira de quem a utiliza esporadicamente, até porque, o valor tinha vindo a ser reduzido ano após ano”, disse Franco Bastos.
Para aquele residente em Portimão, “quem poderá sentir o impacto financeiro, são as empresas que efetuam longos trajetos”.
No entanto, acrescentou, “a abolição das portagens é sempre positiva para a carteira dos portugueses, já sobrecarregados por impostos e por aumentos anunciados para o novo ano”.
Também Carlos Paiva, que parou para abastecer naquela área de serviço, congratulou-se pela abolição das portagens, lembrando que “a medida era injusta, pois a A22 foi feita para ser uma alternativa à Estrada Nacional 125, e para quem tem de efetuar percursos longos”.
“Foi reposta a justiça para os algarvios e para as empresas que fazem trajetos longos”, realçou.
A Lusa constatou também que não teve grande adesão o apelo feito na terça-feira pelo movimento cívico Comissão de Utentes da Via do Infante para os automobilistas buzinarem à entrada da A22 para assinalar o fim da cobrança.
A proposta para eliminar as taxas de portagem nos lanços e sublanços das autoestradas do interior e em vias onde não existam alternativas que permitam um uso com qualidade e segurança foi apresentada em 2024 pelo PS e aprovada com os votos favoráveis do PS, Chega, BE, PCP, Livre e PAN, com a abstenção da IL e os votos contra do PSD e CDS-PP.
A lei foi promulgada pelo Presidente da República em julho de 2024.