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Nova dinâmica cultural 

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Em tempos de aperto é talvez a agenda cultural a primeira a ressentir-se. Felizmente, a Terceira é uma ilha culturalmente rica, com artistas locais de um enorme valor. Todavia, como em qualquer outra cidade, o espaço cultural também precisa de ser alimentado com o que não é nosso mas que nos complementa. É a junção da excelente “prata da casa” com espetáculos culturais exteriores à ilha, ou à região, que resulta num ambiente cultural diverso, amplo e que dá resposta às necessidades da nossa gente. Faz todo o sentido que se mantenham os belíssimos concertos tributo da Filarmónica União Praiense, que deixem cantar Maria e Luís Gil Bettencourt, Myrica Faya, os RAM, entre muitos outros dos mais variadíssimos estilos musicais.

Em 2003 foi inaugurada na cidade uma obra deslumbrante, o Auditório do Ramo Grande. Uma sala com capacidade para acolher cerca de 450 pessoas e pensada para receber os mais diversos tipos de espetáculos e cinema, que tem vindo a perder a intensa dinâmica cultural de outros tempos, que urge recuperar. É necessária a aposta numa nova estratégia cultural, que passa por apostarmos afincadamente nos nossos artistas, mas sem que estejamos fechados em nós mesmos.

Durante anos, o concelho da Praia da Vitória esteve na dianteira de eventos de qualidade, muitos sem igual a nível nacional, tendo sido este Auditório palco de festivais de Jazz, de Blues (muito fruto da influência americana na cidade) e do, saudosamente por muitos lembrado, Festival Internacional do Ramo Grande. Queremos, portanto, devolver-lhe essa centralidade, enquanto sala de espetáculos, que outrora lhe foi atribuída. É necessário abrir horizontes e criar oportunidades para que os praienses possam experienciar artistas e estilos diferentes.

É certo que trazer artistas de fora é sinónimo de custo acrescido, mas então, talvez fosse bom parar para pensar na pertinência de parcerias regionais, ou até a nível de concelhos, onde as despesas são divididas. A ideia também não é colocar estes espetáculos ao desbarato. O terceirense é capaz de pagar bem para ir assistir a espetáculos de qualidade lá fora, porque não fazê-lo cá? Outra questão que me parece relevante é a sazonalidade: é importante que a oferta cultural do Auditório seja maior no inverno, altura em que as pessoas anseiam por um motivo para sair de casa, pois o nosso verão já é cultural por si só.

Que se recupere então esta vertente cultural mais ampla e abrangente da Praia da Vitória. Que se recupere o grande festival do Ramo Grande. Que se recupere também com isto a dinâmica da nossa cidade.

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