Mudou-se de França para os Emirados onde faz queijo de camelo
Depois de uma experiência em França na área dos laticínios, Marco Gonçalves aventurou-se no Golfo Pérsico em 2022. Em entrevista à RDP Internacional, contou como foi meter mãos à obra. “Estava a trabalhar dentro do palácio e um dia conheci o sheik. Ele perguntou-me «Você acha que é capaz de fazer queijo de camelo?» E eu disse «Não sei, sua alteza, não sei mas vou tentar.» E, passados 4 ou 5 meses, consegui fazer. O que eu consegui fazer foi estabilizar ou criar uma forma de um queijo que está estabilizado ao ponto de ser comercializado.”
É essa operação que está a ser agora levada a cabo. “Nós criámos um projeto novo com o qual queremos ter um impacto sócio económico na nossa região, no nosso emirado, onde queremos trazer os produtores locais para a nossa – vamos chamar – cooperativa privada. Temos o projeto 70% desenhado. Depois há o enquadramento legal porque não havia nada. Teve que ser tudo criado de raiz para o nosso projeto”, disse à RDP Internacional.
Empenhado em pôr o projeto a andar, Marco Gonçalves diz à RDP Internacional que não pensa regressar às Caldas da Rainha, de onde é natural. Este engenheiro agro-industrial revela que sempre teve a intenção de deixar o país, e não quer voltar. Regressar, só nas férias para ver a família e os amigos. “Portugal continua a ser um país bom para um indivíduo que tenha uma ambição mediana. Agora o indivíduo que tem uma ambição muito grande ou é muito louco e vai apostar em Portugal e vai ser uma loucura, ou então sai.”
A falta de oportunidades é apontada como o principal motivo. “Depois, sem dúvida alguma, a valorização do nosso trabalho e o reconhecimento. É que nós aqui podemos ser diferenciados, o reconhecimento é diferente. A nível financeiro também, mas também temos de ter noção que este país sabe dar e também sabe tirar. E o ordenado grande ou pequeno depende daquilo que nós gastamos e depende da nossa capacidade de poupar. É verdade que nós conseguimos ter umas condições diferentes daquelas que temos em Portugal. Em termos de carreira, o que nós conseguimos aqui, se calhar, em 2 anos, seria quase impensável fazê-lo em 20 anos em Portugal“.