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Ideologia, Democracia e Psicologia: Reflexões sobre as eleições de domingo

© dr

Este domingo, acontecem as eleições em Portugal, o que nos traz a oportunidade única para refletir sobre o papel da ciência psicológica na compreensão das dinâmicas sociais e políticas que moldam a nossa sociedade. Neste sentido, como especialista do comportamento, e entre ciência e filosofia, proponho uma análise que relaciona as ideologias políticas, da esquerda à direita, com a estrutura da sociedade civil, associada à curva de Gauss – uma metáfora baseada em estatística que ilustra como a maioria das pessoas tende a se posicionar próximo do centro, com extremos em menor proporção, para segurar o padrão comum para se viver junto com previsibilidade em democracia.

A psicologia social ensina-nos que as ideologias políticas não são apenas conjuntos de ideias, mas sim expressões de necessidades humanas fundamentais que todos temos para conseguirmos viver juntos em comunidade, nomeadamente segurança, identidade, sentimento de pertença e justiça. A esquerda, com frequência, enfatiza a igualdade de oportunidade e a proteção coletiva, enquanto a direita madura valoriza e bem, a importância da liberdade individual e a estabilidade estrutural. Ambas têm raízes em aspirações legítimas, mas também podem derivar para polarizações quando levadas aos extremos ficando ambas rígidas e prejudiciais. A curva de Gauss, nesse sentido, reflete a sabedoria coletiva da sociedade: a maioria converge para um centro moderado, onde se equilibram valores complementares. Importa clarificar que tanto a esquerda, como a direita, defende o Estado Social.

Diariamente ouvimos preocupações sobre o futuro da democracia, com histórias que partem da realidade que nos informam e que levam a histórias de conspiração sobre Trump, Putin, Hamas, sobre guerras, Israel, Palestina, Hamas, Índia, Paquistão, novas ordens mundiais, etc. A questão é: para que serve preocupar exageradamente com tudo o que não controlamos? Daí a importância não só da ciência do comportamento, mas também da filosofia para ajudar a desenvolver a arte de saber viver.

A democracia é uma conquista frágil e recente na história da humanidade, com forças como a participação cívica e a pluralidade, mas também acarreta fraquezas, como a nossa vulnerabilidade à manipulação emocional e à desinformação. A tirania, à esquerda e à direita, por sua vez, emerge quando o medo ou a promessa de soluções simplistas substituem o diálogo racional. Responder a essas ameaças exige maturidade psicológica: a capacidade de ouvir o outro, de tolerar a ambiguidade e de resistir à sedução dos extremos.

A minha proposta é clara: a maturidade e o bom senso residem na zona central, com flexibilidade para pender ora mais à esquerda, ora mais à direita, conforme as circunstâncias exigem ou experiências individuais de cada um e influências de vinculação e de grupo de pares. Importa salientar que, no fundo, é sempre muito mais o que nos une do que o que nos separa. A vida deve ser leve, e fazemos o que está ao nosso alcance para mudar o nosso micromundo (neste caso, votar é zona de Poder e por isso, se não gosta do que está no Governo, Vote!). Sempre que o vento mudar – como frequentemente muda, sem que o possamos controlar –, agradeçamos e adaptemo-nos. Não é o mundo que se adapta a nós; somos nós que, com a noção dos nossos limites individuais, nos ajustamos ao mundo. Que estas eleições sejam um momento de reflexão e diálogo, para que possamos construir uma democracia mais resiliente e humana.

Vote. Sempre. Porque isso é o seu Poder.

Ivandro Soares Monteiro

Psicólogo Clínico & Psicoterapeuta doutorado

Fundador & CEO da EME & Academia de Psicoterapia Interpessoal & STOICNET – Clube dos Estóicos

Professor Universitário @ICBAS

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