Há uma nova câmara de comércio lusófona em Macau e Hong Kong
Uma nova câmara de comércio e indústria com sede em Macau quer ajudar as empresas dos países de língua portuguesa a ultrapassar os obstáculos no acesso ao mercado da China, disse o presidente à Lusa.
A Câmara de Comércio e Indústria dos Países de Língua Portuguesa na Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau (China) é a primeira associação que pretende reunir empresas de todos os mercados lusófonos, afirmou Rodrigo Brum.
As exportações dos países de língua portuguesa para a China atingiram 147,5 mil milhões de dólares (136,1 mil milhões de euros) em 2023, num novo recorde histórico. O Brasil é o maior parceiro lusófono (82,2%) chinês, seguido por Angola (10,4%).
Quanto aos outros países, incluindo Portugal, são “muito pequeninos e, portanto”, podem e deveriam “já estar a beneficiar de uma atuação e de uma posição conjuntas” na relação com a China, defendeu Brum.
O objetivo da câmara, disse o dirigente português, é ajudar os empresários a ultrapassar “a falta de escala” para entrar na segunda maior economia do mundo e “o pouco conhecimento ou até indefinição às vezes sobre os regulamentos e a legislação chinesa”.
Brum sublinhou também a barreira linguística, as diferenças na “forma como se fazem negócios” e “as dificuldades conhecidas de exportação de produtos alimentares” para o mercado chinês.
A carne de vaca portuguesa ainda não consegue entrar na China continental, apesar de, em 2019, Lisboa ter assinado um acordo para simplificar os procedimentos de exportação de produtos alimentares para a China, incluindo a carne de ovino e de bovino.
Brum disse acreditar que “a posição coordenada das empresas dos nove países [de língua portuguesa] determina uma posição ativa nas estruturas que já estão criadas e que há que aproveitar”.
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003.
Nesse mesmo ano, a China criou também o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, mais conhecido como Fórum de Macau, do qual Brum foi secretário-geral adjunto.
“A ambição máxima da câmara é ganhar a massa crítica para ser ouvida junto das autoridades que determinam as regras do jogo” e explicar as sugestões e dificuldades sentidas pelos empresários lusófonos, disse o dirigente.
Este ano assinala-se o quinto aniversário da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, uma das três principais estratégias do líder chinês, Xi Jinping, para a integração regional.
O projeto abrange as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong e nove cidades da província de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade.
O produto interno bruto da Grande Baía, com cerca de 70 milhões de habitantes, supera os 1,5 biliões de dólares (1,3 biliões de euros), maior que as economias da Austrália, Indonésia ou México, países que integram o G20.