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Vamos ficar a ver passar navios?

© Pixabay

Há muito que se fala naquele que poderá ser o destino do porto americano da Praia da Vitória. É de conhecimento geral que, neste momento, a utilização que lhe é dada pelos americanos é praticamente nula, servindo apenas, pontualmente, para descarregamento de combustível.

O PREIT, esse documento que deveria ser leitura de cabeceira obrigatória de muitos (para perceberem o quanto compactuam com o maior embuste dos últimos tempos aos Terceirenses), fala-nos da instalação da Força Naval naquele porto, “tendo em vista instalar na Ilha Terceira o Centro de Apoio a todas as operações destinadas a efetivar e garantir os direitos de Portugal sobre a Plataforma Continental Portuguesa, após o processo de extensão da mesma”.

Pois bem, intenções e palavrinhas bonitas à parte, assuma-se, sem medos, que a melhor solução seria a utilização civil do porto. Queremos um cais de cruzeiros, uma utilização partilhada com os americanos, um porto de atracagem de navios de passageiros, o que lhe queiram chamar, desde que vejamos pessoas a entrar-nos porta dentro.

Ora, se dispomos de infraestrutura capaz e existem condições suficientes para a atracagem de navios de médio/grande porte, sem que obras megalómanas sejam necessárias, então julgo ser hora de organizarmos a casa – por um lado temos o cais comercial (e a promessa do hub Atlântico), apetrechado para a troca de mercadorias (e para promessas de abastecimento de gás natural liquefeito a navios e zona de incentivos e isenções fiscais às empresas); por outro, teríamos o porto militar que poderia ser de uso civil, para navios de passageiros, os cruzeiros de que todos falam, e até os barcos inter-ilhas, sem termos de sujeitar as pessoas a serem transportadas em barcos de borracha, autocarros ou a caminhadas exaustivas para chegarem ao centro da cidade.

Para além das condições que podemos garantir a quem nos visita, trata-se de uma lufada de ar fresco para a nossa economia local, já que o comércio, restauração, empresas do setor turístico e outros serviços só irão ganhar com isto. Como também tenho a certeza que desencadeará muitos outros projetos e investimentos adjacentes àquela infraestrutura, que só virão valorizar a nossa cidade.

Não se compreende que reuniões bilaterais continuem “insatisfatórias”, quando este tipo de questões ainda estão por resolver. No meu entender, estamos a perder o sentido de oportunidade, e não estou a falar do oportunismo de deixar para campanha eleitoral o que tivemos muito tempo para desenvolver/reivindicar. Assobiar para o lado com o limite de competências de uma autarquia também não me parece correto.

O futuro da Praia da Vitória, para além do que “depende de outros”, também depende muito de nós. Depende de nós e da nossa capacidade de influenciarmos os nossos pares. Tudo o que diz respeito à Praia e aos Praienses é da competência do Município e da sua vereação. Muito mais quando a esfera de influência é alargada, o ambiente político “favorável” e da mesma cor ao nível municipal, regional e nacional, não se justificando a atitude inerte nesta matéria.

Não gostaria que no futuro lamentássemos oportunidades perdidas. Enquanto isto, é verão, os turistas não nos estão a entrar marina dentro, e o assunto vai continuando a arrastar-se, à velocidade de cruzeiro…

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