De que está à procura ?

Colunistas

Dia mundial de James Bond e porque sonhar faz bem à saúde mental

Quando somos crianças, sonhamos que existem monstros, bruxas, amigos invisíveis, assim como fazemos diálogos curiosos com super-heróis que, de uma ou outra forma, nos ajudam a interpretar a realidade.

A idade vai avançando nas várias arenas de vida que enfrentamos e vamos construindo a nossa personalidade, a par das crenças e “formas” de interpretar a vida e o que nos acontece, dada a influência dos contextos e pessoas à nossa volta.

Precisamos sonhar para saber para onde vamos ou para aguentar a esperança, tão necessária para superar as adversidades que a vida dá.

Sonhar e brincar faz parte da vida e é preciso manter essa capacidade até ao último dia da nossa vida, pois precisamos seriamente do sonho para definir alvos que queremos e organizar os processos para lá chegar, por muito utópicos que sejam.

Não é por acaso que a mitologia grega e os super-heróis representam, metaforicamente, as ambições das características que queremos. Quem não quer a coragem do Batman? A invencibilidade do Superman? o laço da verdade da Wonder Woman? A força do Thor? O uso da raiva focada do Hulk? Ou então, algo mais próximo do comum dos mortais, como a resiliência do James Bond e a sua capacidade de escapar perante os fins que pareciam certos?

A racionalidade não pode apagar a capacidade de sonhar e fantasiar na vida adulta. Precisamos saber manter o lado espontâneo e sonhador que há em nós.

Quem deixa de sonhar, deixa de viver e apenas prolonga a vida, num vazio que, a cada dia que passa, coloca em causa o sentido da vida e a qualidade que cada momento nos pode acrescentar, quando sabemos viver o aqui e o agora.

Precisamos manter a capacidade de sonhar, de preencher de forma eficaz os vazios existenciais que nos avassalam e as angústias que transições, conflitos, lutos, perdas e momentos de défice nos dão.

É por isso que o cinema, a arte, a pintura, a música, a dança, a leitura, as crenças e filosofias de vida são fundamentais para uma vida boa e bem vivida. Saber articular o pensamento, treinando a capacidade que todos temos de ressignificar histórias, com uma consciência amiga, onde nos revelamos um advogado de defesa do nosso valor e não um juiz castrador ou um advogado do diabo.

Gosto de manter a capacidade de deslumbrar, inebriar e encorajar com o que gosto de fazer e ajudar quem me rodeia com a mesma filosofia de vida. A ciência psicológica é fundamental para organizar os processos e capacidades que queremos, mas é a moldura filosófica e capacidade de fantasiar que nos permite organizar o sentido da vida, porque, como dizia o poeta brasileiro Ferreira Gullar “a arte existe porque a vida não basta”, até porque “o sonho comanda a vida”, como dizia o poeta português Sebastião da Gama.

Manter os pés no chão, na trincheira da vida real, mantendo o foco nos sonhos e capacidade de sonhar ajuda-nos a manter a grandeza da natureza humana que se supera recorrentemente para encontrar novos mundos reais, graças ao que foi sonhado.

Manter a paz interior, graças ao auto-conhecimento oferece-nos “a arte de viver” (como diria Epícteto), em vez de deixar de viver por medo de falhar ou perder o que nunca tentamos ou que nunca perdemos.

Não há alternativas para uma vida boa que não implique o autoconhecimento. E quando sabemos quem somos, entendemos as próprias características e necessidades, sonhando com o que nos faz bem e expande para sermos iguais a nós próprios, indo directo ao viver o que nos faz feliz, fora dos sonhos. Porquê? Porque a vida é o que acontece, enquanto pensamos nela.

Hoje é 5 de Outubro, dia Mundial do James Bond. Hoje apetece-me brincar aos agentes secretos. Quem quer brincar comigo?

Até porque o Daniel Craig acabou o contrato. Será que posso candidatar-me para ser o próximo Bond, James Bond?

Ivandro Soares Monteiro, Prof Doutor
Psicólogo Clínico | Psicoterapeuta | Fundador & DIrector da EME SAÚDE
Professor Universitário (ICBAS, Porto, Portugal)
www.drivandro.com

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA