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Contingente especial: oportunidade ou entrave ao estudo em Portugal?

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As vagas ocupadas por emigrantes, familiares e lusodescendentes no ensino superior português representam apenas 11,6% das disponibilizadas para este contingente especial. A associação de jovens francesa Cap Magellan diz que há falta de divulgação desta oportunidade e que alunos e pais se queixam das dificuldades do processo na hora da candidatura, o que causa várias desistências pelo caminho.

Como noticiado pelo BOM DIA no final do mês passado, as vagas do ensino superior reservadas ao contingente especial para estudantes emigrantes, lusodescendentes e familiares ficaram novamente por preencher neste ano letivo, com mais de 88% das vagas disponíveis por ocupar, segundo dados oficiais.

O BOM DIA esteve no Salon Paritr Étudier à l’Etranger, mostra dedicada aos estudantes residentes em França que querem ir estudar para o estrangeiro, onde a associação de jovens Cap Magellan marcou a sua presença em representação do ensino superior em Portugal, juntamente com as instituições parceiras suas convidadas, Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro (UTAD) e Instituto Politécnico de Bragança (IPB).

Segundo a secretária-geral da associação, Alexandra Rosa, uma das principais ações é a promoção do Contingente Especial para candidatos emigrantes portugueses, familiares que com eles residam e lusodescendentes, “que representa 3.800 vagas reservadas aos estudantes lusodescendentes, que nem precisam de ter nacionalidade portuguesa, é só provarem a lusodescendência a primeiro ou segundo grau, ou seja, um avô, ou um pai”, explica.

Apelidado pela associação como a “cota 7%”, estas vagas, no entanto, nunca são totalmente preenchidas. Este ano, 444 estudantes emigrantes e lusodescendentes foram colocados no ensino superior português através do contingente especial, menos 45 do que no ano passado, sendo que pela primeira vez houve um alargamento para a segunda fase do Concurso Nacional de Acesso.

Segundo o embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte, que também esteve presente no salão, o problema está na divulgação: há que “saber se as pessoas estão suficientemente informadas e motivadas para estudar em Portugal”, pelo facto de não conhecerem a qualidade do ensino superior em Portugal que, defende, “é muito superior à média europeia”.

Segundo o embaixador, é preciso promover junto dos estudantes não residentes em Portugal que “apostar num percurso académico português é apostar na sua competitividade no futuro”, sublinha, sendo que “se os jovens portugueses que vivem em França tiverem mais noção dessa alta qualidade, saberão que estão a apostar na sua competitividade”.

A deputada eleita pelo círculo da Europa, Nathalie de Oliveira, que também atendeu à inauguração do stand português do salão no passado sábado, reconhece que há outras dificuldades na divulgação, tais como “conseguirem as informações certas e todas as informações para conseguirem iniciar esta sequência de vida”, até porque, “uma vez estando em Portugal continuam a viajar, continuam a ser muito europeus”, acrescenta.

Para a deputada, a adaptação não é um entrave para estes estudantes, sendo que “os lusodescendentes, em particular, já têm essa fibra de estar bem em todo o lado, de se conseguirem adaptar. Também confesso que muitíssimos sonham em ficar em Portugal, de trabalhar em Portugal, e fazer aquilo que a primeira geração dos pais não conseguiu fazer que é estar no país de sempre. Das origens, e de sempre”, denota a deputada.

Aos olhos da Cap Magellan, Alexandra Rosa considera que a falta de divulgação é de facto uma das principais falhas deste contingente, mas também toda a burocracia associada à obtenção dos documentos necessários, pedidos pela direção geral do ensino superior português (DGES).

“Já tivemos muitos estudantes que abandonaram o objetivo porque o processo foi realmente complicado, e muitos pais que ajudam os filhos neste processo dizem que é mesmo um ‘parcours du combattant’”, explica a representante da associação, utilizando a expressão utilizada pelos pais dos estudantes franceses e lusodescendentes que pedem auxilio à associação na hora da candidatura.

“O que faz com que os estudantes abandonem o processo de candidatura a meio é a burocracia associada à obtenção dos documentos necessários. Ou seja, a dificuldade é o processo burocrático na obtenção destes documentos, e não os documentos em si”, sublinha.

Ainda assim, o diretor geral do ensino superior em Portugal, Joaquim Mourato, assegura que “é comum hoje termos em qualquer instituição de ensino superior, 40, 50, 60 nacionalidades” que escolhem Portugal para prosseguir os seus estudos.

Para Joaquim Mourato, esta realidade “é muito importante para os estudantes que chegam mas também para os estudantes que estão, porque aprendem e crescem intelectualmente num ambiente internacional, na sua própria casa”, explica.

Para além dos vários convidados que estiveram presentes na inauguração do Salon, a Cap Magellan também convidou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) que não compareceu, tal como no ano anterior. “Isto também teria permitido compreender melhor os desejos e aspirações dos candidatos aos estudos em Portugal”, explica a associação em comunicado.

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