Vaticano defende “ação imperativa” sobre a dívida dos países pobres
O observador permanente da Santa Sé na Organização das Nações Unidas defendeu que “é imperativo” tomar medidas “radicais e transformadoras” em relação à dívida, no Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (HLPF) em Nova Iorque, EUA.
Gabriele Caccia propõe que seja tomada uma ação, uma vez que existe uma “disparidade significativa” entre a percentagem da despesa pública em serviços essenciais nas economias avançadas e nas economias emergentes e em desenvolvimento.
Segundo o responsável, devem ser implementadas “estratégias de reestruturação da dívida” para dar aos países em desenvolvimento “o espaço fiscal de que precisam para investir nas suas populações”, informa o portal de notícias do Vaticano.
O observador permanente da Santa Sé na Organização das Nações Unidas falou que o compromisso de enfrentar os aspetos “multidimensionais da pobreza” está “fora do alcance” de muitos países em desenvolvimento, que são forçados a “desviar recursos preciosos para o pagamento de dívidas insustentáveis”, descrevendo esta como “uma realidade escandalosa”.
A pobreza continua a ser “o maior desafio global” a enfrentar, destaca Gabriele Caccia, que diz que este flagelo não diz respeito “apenas aos recursos financeiros” das pessoas, manifestando-se numa “variedade de formas que exigem uma abordagem integral”.
“[Existem atualmente] níveis alarmantes de fome e subnutrição em todo o mundo”, realça o arcebispo Caccia, que acrescenta que as crises económicas, as alterações climáticas e os conflitos estão a exacerbar as vulnerabilidades de milhões de pessoas, “afastando a visão de um mundo sem fome”.
Para enfrentar o “contexto de emergência”, Gabriele Caccia considera que o papel desempenhado pelos atores não estatais continua a ser “central”, incluindo a Igreja Católica, que através de numerosas organizações, iniciativas e instituições de caridade está presente no terreno “incluindo, mas não se limitando” à distribuição de refeições diárias.
O arcebispo diz que a dependência de soluções de curto prazo é inadequada, dando ênfase à necessidade de “agir com um renovado senso de urgência” para aliviar a fome e também para transformar os sistemas alimentares e garantir “sustentabilidade, resiliência e equidade” na produção e distribuição de alimentos.
“Reforçando a Agenda 2030 e erradicando a pobreza em tempos de múltiplas crises: a entrega eficaz de soluções sustentáveis, resilientes e inovadoras” é o tema do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, que teve início no dia 8 e termina a 17 de julho.