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São João da Madeira volta a receber exposição que encantou Paris

O Centro de Arte Oliva inaugura sexta-feira a exposição de Arte Bruta “Espírito Singular”, que, após sete meses e 25.000 visitantes na galeria parisiense Halle Saint Pierre, se repete em São João da Madeira estreando uma secção de Fotografia.

Tanto em França como em Portugal, a mostra reúne trabalhos pertencentes à Coleção Treger Saint Silvestre, que está em depósito no referido equipamento cultural de São João da Madeira, sob gestão da respetiva autarquia do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto.

Em Paris, a exposição reuniu cerca de 150 obras de 86 artistas, mas agora, na sua segunda apresentação, passa a integrar aproximadamente 250 peças de 100 autores, mantendo a curadoria de Martine Lusardy, diretora da Halle Saint Pierre, e passando a incluir, “pela primeira vez em Portugal”, uma seleção de Fotografia ‘brut’.

Em declarações à Lusa em 2024, a curadora da mostra afirmava que “Espírito Singular” tinha o mérito de apresentar criadores que, “sendo na maioria autodidatas, impuseram as suas próprias normas à arte, tanto na escolha dos materiais e das técnicas utilizadas quanto nos temas representados”.

Assim “possuídos pelo demónio da criação”, esses autores mantiveram-se “afastados do jogo mediático e comercial da arte”, surpreendendo o público com os seus peculiares percursos de vida.

A diferença entre a mostra de Paris e a de S. João da Madeira, como revela hoje Marine Lusardy, é que a especial sensibilidade desses autores agora também se dá a conhecer noutro domínio expressivo além das predominantes Pintura e Escultura, já que a exposição portuguesa põe em evidência também a influência da Arte Bruta em “práticas contemporâneas como a Fotografia”.

Andreia Magalhães, diretora do Centro de Arte Oliva, reconhece que a coleção Treger Saint Silvestre “tem sido um fator determinante na consolidação de parcerias com instituições europeias de referência” – entre as quais o Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, e, a nível internacional, a Casa Encendida, em Madrid, e o Museu Gugging, perto da cidade austríaca de Viena.

“A exposição realizada na Halle Saint Pierre contribuiu para a visibilidade do acervo e confirmou o interesse crescente da comunidade artística e museológica pela Arte Bruta”, explica essa responsável. “A decisão de apresentar esta mesma mostra no Centro de Arte Oliva decorre do seu impacto e relevância, e insere-se na missão de fomentar redes de cooperação, dar acesso continuado às obras e integrar um circuito cultural europeu ativo e reconhecido”, realça.

Entre os artistas representados em “Espírito Singular” incluem-se Adolf Wölfli, Aloïse Corbaz, Anna Zemánková, Augustin Lesage, August Walla, Carlo Zinelli, Dado (Miodrag Djuric), Eugene Von Bruenchenhein, Friedrich Schröder-Sonnenstern, Guo Fengyi, Henry Darger, James Deeds, Johann Hauser, Lee Godie, Louis Pons, Luboš Plný, Miroslav Tichý, Prophet Royal Robertson, Scottie Wilson, Thornton Dial, Edmund Monsiel, Paul Goesch, Pietro Ghizzardi, Martha Grünenwaldt, Marilena Pelosi, Marco Berlanda, Raphaël Lonné, Giovanni Battista Podestà, John Henry Toney, Jimmy Lee Sudduth, Mose Tolliver, Tomasz Machciński, Derrick Alexis Coard, Misleidys Francisca Castillo Pedroso e Pascal Tassini.

Para António Saint Silvestre, coproprietário da coleção em depósito na Oliva, a seleção agora exibida ao público abrange desde “artistas associados aos momentos fundacionais da Arte Bruta até autores provenientes de contextos mais recentes e diversos, o que amplia as possibilidades de leitura deste campo de criação”.

Nesse contexto de diversidade, e porque “apresenta pela primeira em Portugal um núcleo significativo de Fotografia Brut”, o colecionar salienta que a mostra constitui uma oportunidade rara para apreciar “fotos, fotomontagens e colagens produzidas por autores fora dos circuitos artísticos convencionais, muitas vezes em contextos de reclusão ou isolamento social”.

Em Paris, a exposição “Espírito Singular” esteve disponível a preços entre os 6 e os 10 euros por pessoa. Em São João da Madeira, onde ficará patente até 12 de outubro, as opções de acesso abrangem desde entradas gratuitas até bilhetes a 3 euros.

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