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Romeiro, quem és?

Sou sombra
rumor indistinto e temido
murmúrio inaudível e calado
verbo sussurrado a medo
beijo roubado mas ledo
gesto interrompido e quebrado
suspiro engolido e dissipado
leve tremor no teu sono inquieto
silhueta fugaz, translúcida
nas paredes esguias da cama sem saída.

Sou fogo fátuo, neblina surreal,
segredo terrível, omerta, abantesma,
palavra interdita, sentido proibido,
sentimento magoado e amordaçado
na madrugada esquecida
monstro sem nome, adamastor,
dragão roubando a menina
da torre de marfim…
De que castelo?

Mas, os teus olhos não sabem mentir,
bem como os restos de fragrância
do teu corpo no meu
e do meu no teu
serei algo indecente e inconfessável?

Não sou passado, talvez futuro,
presente, que sei?
Sou condicional!
Sou um tempo verbal
difícil de conjugar
nos dias da tua vida.
Hum… como pode um homem
(grande como eu)
ter esta maravilhosa sensação
de não ser?
Não sou.
Não estou.
Não existo.
Romeiro, quem és?
Eu não sou ninguém!

– Quando é que falas de mim a teus pais?
– Sabes, é complicado…
– Sei…

JLC08012006

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