Oito dos catorze candidatos que vão disputar as primárias da oposição venezuelana participaram esta quarta-feira num debate, apresentando críticas ao “socialismo” do Presidente Nicolás Maduro e prometendo lutar pelo fim da “ditadura” no país.
No debate de potenciais candidatos às eleições presidenciais de 2024, na Universidade Católica Andrés Bello, participaram os ex-deputados Maria Corina Machado, Carlos Prósperi, Freddy Superlano, Tamara Adrián e Delsa Solórzano.
Também marcaram presença os antigos governadores Andrés Velásquez e César Pérez Vivas e o ex-presidente do Conselho Nacional Eleitoral Andrés Caleca.
Velásquez sublinhou que o debate decorre “em ditadura” e é “o primeiro passo em função da democracia” que pretende “restabelecer no país”.
Para Carlos Prósperi, este é “o primeiro passo para a reconciliação na Venezuela” e “o momento de deixar a um lado qualquer tipo de divergências” no campo anti-Maduro.
Segundo Freddy Superlano, as eleições presidenciais de 2024 não vão ser “convencionais”, e por isso as primárias da oposição estão a sofrer ataques.
“A ditadura tem tratado de encobrir uma realidade que nos rodeia todos os dias. Viemos oferecer uma visão de uma Venezuela possível”, disse ao mesmo tempo que pediu organização.
Superlano prometeu ainda “fechar o Helicoide (prisão onde estão alguns presos políticos), transformando-o num grande museu, para que as atrocidades de uma ditadura jamais sejam esquecidas”.
Também para Delsa Solórzano o “decreto número um” do futuro governo “será a libertação” destes detidos.
“Os nossos 300 prisioneiros merecem que lhes demos voz. (…) A Venezuela de bem não pode arrancar se continuamos a ter presos políticos”, disse Solórzano.
Para Solórzano, a campanha deve ser “de ideias”: “o candidato único terá que agarrar o melhor de cada uma das propostas” frisou a candidata que prometeu reconstruir institucionalmente o país e garantir os direitos humanos.
Andrés Velásquez também recordou que os familiares dos presos políticos exigem justiça, enquanto Maria Corina Machado sublinhou que os presos políticos, civis ou militares são “heróis”.
Machado, falou da “esperança que cresce dia a dia” quanto a “derrotar Maduro” e também trazer “de volta a casa” os milhões de emigrados que abandonaram o país devido à crise económica dos últimos anos.
“Vamos derrotar para sempre, na Venezuela, o socialismo”, que “arruinou o país, dividiu a sociedade” sendo as primárias são “uma oportunidade única, porque a Venezuela acordou”, afirmou.
Segundo Andrés Caleca, a oposição começou o caminho para “redemocratizar o país e refundar a República”.
“Eles têm todo o poder, mas já não têm os votos. Essa é a sua debilidade”, disse.
Tamara Adrián, a primeira candidata e deputada transexual do país, disse que a Venezuela precisa de estadistas e não de políticos e apelou a uma coligação interna para evitar que que o regime instrumentalize o processo.
César Pérez Vias, pediu uma mudança política, económica e cultural na Venezuela.
Entre as propostas económicas dos candidatos está a abertura a todos os setores de atividade, uma economia livre de mercado, garantir a propriedade privada e melhorar o salário mínimo dos venezuelanos.
As primárias da oposição estão previstas para 22 de outubro.