Quem são os quatro emigrantes que podem ganhar a Liga dos Campeões?

Paris Saint-Germain e Inter de Milão disputam, no fim do mês, a final da Liga dos Campeões na Allianz Arena, Munique, e há quatro jovens emigrantes portugueses ansiosos por erguer o troféu. A questão é que todos eles representam o mesmo emblema, portanto, o último dia de maio poderá vir a ser de festa ou um verdadeiro “31” para a armada lusitana.
Na defesa, Nuno Mendes é dono e senhor da lateral esquerda. O internacional português, de apenas 22 anos de idade, deu os primeiros toques dentro das quatro linhas no Futebol Clube Despertar, da Associação de Futebol de Lisboa, mas rapidamente saltou para as escolinhas do Sporting Clube de Portugal.
Nos leões, passou por todos os escalões de formação e na temporada 2019-20, com apenas 18 anos, estreou-se pela equipa sénior, à data pela mão do técnico Ruben Amorim, num duelo em casa diante do Paços de Ferreira.
Na temporada seguinte, agarrou o flanco e de lá não mais saiu. A sua irreverência, aliada à capacidade de explosão, bom posicionamento defensivo e arte no apoio ao ataque ajudaram o Sporting a vencer o campeonato, a Taça da Liga e a Supertaça Cândido de Oliveira.
Ainda em 2020-21, Nuno Mendes chegou à seleção nacional, tendo somado os primeiros minutos num jogo a contar para a Fase de Grupos do Apuramento para o Mundial 2022. Portugal venceu o Azerbaijão por 1-0 em Itália.
No ano seguinte, o esquerdino voltou em grande forma e três jogos pelo clube de Alvalade foram suficientes para que o PSG o “pescasse” através de um empréstimo que custou 7 milhões de euros e que culminou numa transferência a título definitivo no verão de 2022, por mais 38 milhões.
Desde então, Nuno Mendes tem vindo a confirmar o estatuto de jovem promessa do futebol mundial.
Pelo conjunto da cidade da Luz, venceu até hoje as quatro edições da Ligue 1 que disputou, uma Taça de França e dois Trophées des Champions.

Um pouco mais à frente no terreno, e de acordo com as escolhas mais recentes de Luis Enrique, prevê-se que apareça mais um craque lusitano, João Neves.
O médio de 20 anos, nascido em Tavira, é uma das pedras basilares do sistema tático do espanhol e tem funcionado como um verdadeiro dínamo que oscila entre tarefas mais defensivas e a construção de jogo dos parisienses.
Chegou ao clube no último verão, deixando perto de 60 milhões de euros nos cofres do Benfica, mas curiosamente foi no andebol que teve a sua primeira experiência num desporto coletivo.
De 2011 a 2013, vestiu o manto do CV Tavira, mas logo depois mudou-se para os relvados a convite do CB Albufeira.
Depois de quatro anos a jogar futebol no Algarve, integrou a formação do Benfica e, à semelhança do colega Nuno Mendes, também teve a oportunidade de se estrear mais tarde na equipa sénior do clube que o viu crescer.
O primeiro encontro disputado pelas águias deu-se a 30 de dezembro de 2022, na derrota por 3-0 diante do Sporting de Braga. Entrou aos 89 minutos, mas o pouco tempo que jogou não condicionou a sua fase ascendente. Terminou a época com 20 aparições pelo clube do seu coração, somando um golo e uma assistência.
Na temporada seguinte, convenceu tudo e todos. 55 partidas pelo Benfica, três golos, uma assistência, uma Supertaça e o tão desejado campeonato. A chegada à seleção, em outubro de 2023, foi também um dos seus pontos mais altos. Estreou-se diante da Bósnia Herzegovina, em Zenica, ajudando Portugal a apurar-se para o Euro2024.
A sua última temporada -a primeira fora de Portugal – foi passada em Paris, e a verdade é que o centrocampista está a comprovar a teoria de que, regra geral, os portugueses se são bem em França.
Já venceu a Ligue 1 e um Trophée des Champions, e ainda contribuiu com cinco golos e nove assistências no total das competições disputadas.

Ainda sem sair do meio-campo, há mais um jovem com passaporte luso que se evidencia pelo seu talento com a bola nos pés, precisão de passe, criatividade e inteligência para gerir o jogo. Vitinha, o grande maestro desta equipa, está há três anos em Paris e será certamente um dos atletas com mais crédito diante do técnico e da direção.
Nascido em Santo Tirso no início dos anos 2000, tem agora 25 anos e maturidade para assumir a batuta de um dos finalistas da Liga dos Campeões.
O primeiro emblema que representou foi o da já extinta Associação Moradores Complexo Habitacional de Ringe. Seguiram-se experiências no CB Póvoa de Lanhoso e depois no Futebol Clube do Porto.
Durante o seu percurso nas camadas jovens, chegou a ser emprestado pelos dragões à Dragon Force e ao Padroense. Conquistou a sua primeira oportunidade na equipa A num jogo frente ao Varzim, a contar para os quartos de final da Taça de Portugal, em 2020.
Até ao fim daquela época, disputou 12 encontros mas apesar de ter vencido a Taça de Portugal e a Liga, não convenceu totalmente a estrutura então liderada por Pinto da Costa, pelo que passou a temporada seguinte emprestado ao Wolverhampton, em Inglaterra.
Em 2021-22 teve a chance de mostrar o quanto evoluíra na Premier League e passou a ser aposta regular. Foram 47 jogos disputados, quatro golos marcados, quatro passes para golo concluídos e mais um campeonato e outra Taça de Portugal para o seu palmarés. A boa forma ao longo deste ano desportivo valeu-lhe a tão sonhada convocatória para a Equipa das Quinas. Somou os primeiros minutos a 29 de março de 2022, na vitória frente à Macedónia do Norte.
Mas as boas notícias não ficavam por ali. No verão, o Futebol Clube do Porto aceitou os 41.5 milhões de euros oferecidos pelo PSG e deixou-o aviar as malas.
Desde que chegou a Paris soma 143 encontros, 18 golos, 11 assistências, três Ligue 1, três França Trophées des Champions e uma Taça de França.

Depois da defesa e do miolo, hora de olhar para o ataque, que é sinónimo de estrelas como Dembélé, Kvaratskhelia, Lee Kang-in, Barcola e, claro, Gonçalo Ramos.
O artilheiro de 23 anos é natural de Olhão e foi precisamente na terra que o viu nascer que foi inscrito pela primeira vez na Federação Portuguesa de Futebol.
O Olhanense deu-lhe a mão durante dois anos, entre 2009 e 2001. Depois, assinou pelo Benfica de Loulé, onde passou outro par de épocas. Em 2013, chegou ao Benfica para jogar nos sub-13.
Os anos passaram, a evolução continuou a agradar aos responsáveis pela formação benfiquista e o seu talento para o golo ficou bem à vista de todos quando no dia 21 de julho de 2020 o treinador principal, então Nelson Veríssimo, o chamou aos 85 minutos. Apesar do pouco tempo em campo, Gonçalo correspondeu da melhor forma com um tento aos 87′ e com outro aos 93′. Nesse dia, o Benfica vencia o Desportivo das Aves, fora, por 4-0.
Na época seguinte, o seu trajeto dividiu-se entro os “A” e os “B” encarnados, e só se afirmou no 11 inicial em 2021-22, marcando oito golos em 46 jogos.
Mas o melhor de Gonçalo Ramos ainda estava para vir. Se 2021-22 foi a época de afirmação, 2022-23 foi a época em que “explodiu” e acabou como um dos principais obreiros do título de campeão nacional.
Em 47 jogos, rubricou 27 golos e anotou seis assistências, números que fizeram com que o PSG, logo em seguida, o agarrasse. Primeiro por empréstimo, depois em definitivo.
Os 65 milhões de euros investidos no talentoso avançado já começaram a dar frutos. Em dois anos em França venceu duas ligas, uma Taça e dois Trophées des Champions.
A nível da seleção nacional, acumula até ao momento 15 aparições e nove tentos.
Estreou-se a 17 de novembro de 2022 num amigável frente à Nigéria.

Recorde-se que além de Nuno Mendes, João Neves, Vitinha e Gonçalo Ramos, há ainda um lusodescendente no plantel principal do PSG. Louis Mouquet, de 20 anos, natural de Bayeux e totalmente formado no clube.
O jovem ainda não se estreou pela equipa principal, apesar de ter sido suplente (não utilizado) em oito partidas esta época.
Encontra-se inscrito na lista B da Liga dos Campeões, pelo que só pode jogar caso algum dos guarda-redes da lista A se lesione.