Projeto sobre estudo global da emigração madeirense apresentado na Venezuela
O presidente do Centro de Estudos, Desenvolvimento, Educação, Cultura e Social da Calheta – Madeira, que apresentou esta semana na Venezuela o estudo global sobre a emigração madeirense, disse esta quinta-feira que leva vários testemunhos e documentos de emigrantes para o projeto.
Eugénio Perregil, que apresentou o projeto em Caracas, Los Teques, Maracay e Valência, disse à Lusa que o objetivo é construir uma base sustentada para ser apresentado ao Governo da Região Autónoma da Madeira, para a criação do futuro Museu da Emigração Madeirense.
“Estou de visita à Venezuela, às comunidades madeirenses, apresentando o projeto que se iniciou há cerca de um ano na Madeira, com um grupo de investigadores” e já foi apresentado no Reino Unido, nas Ilhas do Canal, na África do Sul, no Havai, em São Francisco e Boston, e vai ser apresentado proximamente no Canadá, Brasil, Austrália e nas ilhas das Caraíbas, disse.
Numa primeira fase, estão a ser feitos os contactos com as comunidades, associações, clubes, e universidades académicas “para fazer um elo de ligação e de rede mundial”, para ser criado, numa fase inicial, “um site com o museu da emigração”, explicou.
Seguir-se-á “o estudo científico” a partir do qual se projeta a publicação de 12 volumes, com “um estudo global das diversas comunidades [madeirenses] que nunca foi antes feito”.
O estudo global é coordenado cientificamente pelo professor, investigador e historiador José Eduardo Franco, sendo Eugénio Perregil o coordenador-geral, presidente e mentor do projeto, “ligado a pessoas e investigadores, não só universidades, na Madeira e no continente, mas também na própria diáspora”, disse.
“Sem estudos feitos, sem uma investigação pormenorizada, sem testemunhos das comunidades, não poderemos montar um museu que homenageie todos os emigrantes da Madeira”, frisou, sublinhando que cerca de 100 pessoas vão ser envolvidas no projeto, entre investigadores e colaboradores.
Eugénio Perregil adiantou que em 2025 vão celebrar os 500 anos da suposta saída do primeiro emigrante madeirense, João do Leme, que terá partido em 1525 para Santa Catarina do Sul, Brasil.
“A emigração madeirense é vasta, espalhada em todo o mundo, e tem comunidades importantíssimas, as maiores são a da África do Sul e a da Venezuela, e depois a do Reino Unido (…). Daí que esteja na Venezuela, apresentando o projeto envolvendo a comunidade e também já recolhendo alguns testemunhos que são importantes para integrar nesse estudo que queremos depois publicar”, disse.
Na Venezuela, esteve em Caracas, Maracay, Valência e Los Teques para perceber e contextualizar a situação, estando a ponderar uma segunda visita a este país, onde há uma vasta comunidade madeirense.
“Da Venezuela levo vários testemunhos, pessoas que estão aqui há 50 e 60 anos, que contaram histórias interessantíssimas do porquê e de como saíram da Madeira, como chegaram aqui, quais os primeiros trabalhos e como foi a sua integração. Histórias de vida que é importantíssimo que constem no estudo e no futuro museu da emigração, bem como recolha de fotografias cedidas pelos emigrantes e documentos”, disse.
Segundo Eugénio Perregil, além dessas histórias de vida, há também a realidade socioeconómica que os emigrantes estão a viver no contexto atual, tendo já sido constituída uma equipa para a investigação que envolve professores universitários, professores de história do 2.º ciclo e investigadores.
O presidente do Centro de Estudos, Desenvolvimento, Educação, Cultura e Social da Calheta – Madeira agradeceu o incentivo e a colaboração da comunidade e o papel fundamental que tiveram os conselheiros das comunidades madeirenses que foram pilares de ligação para a visita e apresentação do projeto.