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Portugueses retidos na África do Sul

Um grupo de 13 técnicos navais portugueses está retido desde 26 de março na cidade de Durban, litoral da África do Sul, onde concluiu a reparação de quatro navios pesqueiros, disse hoje à Lusa o armador das embarcações.

“Neste momento, estamos em contacto com a embaixada [de Portugal em Pretória] e o consulado-geral [de Joanesburgo] na África do Sul, precisamente para integrarmos o grupo de europeus que vai ser repatriado da África do Sul”, disse o armador Carlos Leitão.

O repatriamento dos técnicos da área de manutenção da Sociedade de Pesca Miradouro, da Gafanha da Nazaré, em Ílhavo, segundo referiu a mesma fonte em contacto telefónico, será feito no âmbito de uma operação de repatriamento de cidadãos europeus retidos na África do Sul, devido ao encerramento de fronteiras e espaço aéreo pelo Governo desde sexta-feira.

A Alemanha e o Reino Unido já anunciaram a intenção de repatriar os seus cidadãos da África do Sul devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, tendo o alto comissário britânico indicado, em declarações à televisão sul-africana ENCA, que recebeu mais de 1.000 pedidos nesse sentido.

“Este processo de evacuação está a ser coordenado a nível europeu, os nossos interlocutores são as nossas representações diplomáticas, mas estará a ser superintendido por alguma entidade na Europa”, afirmou o armador português.

No caso de a operação não se vir a efetuar, Carlos Leitão avançou que a empresa terá de considerar fretar um avião privado para saírem da África do Sul.

“Nós compreendemos e estamos alinhados com esta estratégia de evacuação [europeia], se por algum motivo não ocorrer ou falhar, ou não sermos contemplados, partiremos para a outra solução que é a de fretar um avião a custos da empresa para fazer o repatriamento direto, apenas dos nossos colaboradores”, frisou.

Todavia, assinalou que “mesmo esse avião privado necessita das devidas autorizações institucionais.”

A situação de repatriamento dos técnicos navais portugueses está a ser acompanhada pelas representações diplomáticas portuguesas na África do Sul, e pela embaixadora substituta em Maputo, referiu.

Carlos Leitão indicou que todos se encontram de “boa saúde” em auto isolamento na zona residencial periférica de La Lúcia, em Umhlanga, norte da cidade litoral de Durban, onde existe “muito pouco movimento” face às restrições impostas pelas autoridades locais.

“Estamos num hotel pequeno que está inteiramente reservado por nós, na altura que a situação começou aqui a evoluir rapidamente achei por bem centralizar todos nós num sítio pequeno de forma a evitar que haja aqui rotação com outros hóspedes no sentido de minimizar os riscos de contágio”, sublinhou.

O armador acrescentou que estão “muito bem instalados”, mas obviamente “com vontade de regressar”, porque todos têm famílias e estão “preocupados com elas”.

Os técnicos navais portugueses viajaram de Portugal para fazer a manutenção anual no porto sul-africano de quatro de 10 navios que compõem a frota pesqueira que a empresa opera em Moçambique, quando foram surpreendidos com a “velocidade” com que as autoridades sul-africanas executaram o “lockdown” do país, na quinta-feira, para conter a pandemia da covid-19.

“A situação em si não foi surpreendente, surpreendente foi a velocidade de execução, porque a nossa expectativa era que podíamos ter tido aqui uma janela para concluir o último navio e tirar de cá todos os nossos colaboradores que estão embarcados no navio em tempo útil para podermos voltar para Portugal em voos comerciais, mas a situação evoluiu de uma forma rápida”, declarou à Lusa.

Segundo o armador português, o último navio a concluir a reparação anual foi o “Horizonte”, que saiu de Durban na quinta-feira à tarde com quatro portugueses e 18 moçambicanos a bordo e entrou na manhã de segunda-feira no porto da capital moçambicana, Maputo, onde se encontra de quarentena.

O “Horizonte” é um dos 10 navios da frota de pesca de pavilhão moçambicano que a Sociedade de Pesca Miradouro opera há 21 anos em Moçambique num grupo de empresas locais do setor da pesca de marisco e peixe.

O grupo empresarial luso-moçambicano emprega atualmente 340 funcionários em Moçambique e tem como principais mercados de exportação a Itália, Espanha, China, Japão e a África do Sul, países afetados pela pandemia da covid-19, referiu Carlos Leitão.

A África do Sul regista três mortos e 1.326 casos de infeção confirmados do surto epidémico do novo coronavírus, disse o Presidente da República, Cyril Ramaphosa, numa comunicação ao país na noite de segunda-feira.

Até domingo, a província do KwaZulu-Natal registava 167 casos positivos de covid-19, segundo as autoridades da Saúde sul-africanas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 38 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 163 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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