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Plagiadores e plagiados

© DR

Não me apetecia nada perder tempo e energia com isto, mas leio tanta insensatez, que não é possível calar-me. Vou tentar ser breve. O Vítor Belanciano reapropriou-se de um texto meu no Facebook numa das suas crónicas. Com o de 2009, o do El País, mais dois de que o Público diz ter acesso (não sei se inclui o de 2009) e o meu (informei ontem o Público), são pelo menos 4 ou 5. Isto não é um episódio, um deslize, um descuido como leio por aí, assemelha-se mais a um sistema.

“Ai toda a gente faz plágio”.

Falso, quem diz isto que assuma que o faz sem meter toda a gente no mesmo saco.

“Ai mas ele escreve muito bem!”

Também outros escreveriam se a única preocupação fosse partir das ideias, do trabalho dos outros para rearranjar a coisa para parecer trabalho seu. Não é a mesma atividade ser compositor e ser DJ, sobretudo quando o DJ finge ser o compositor.

“Cometi uma falta”, diz VB.

Costumo dizer aos meus filhos e alunos que o problema muitas vezes nem está no erro. Erramos todos. Mas na maneira como gerimos o erro. E a maneira de gerir o erro de Belanciano foi péssima, até nesta sua última crónica.

Não, não é UMA FALTA, e ele sabe-o perfeitamente e já agora só faltava agradecermos todos ao VB, esse filantropo, como fez o Sergio C. Fanjul.

Peço desculpa aos amigos e fãs de VB, mas plágio, reapropriação não é um estilo rebelde ou coletivista. É roubo, é contrafação, é fraude. VB pôs o nome dele como autor, não pôs “obra coletiva”. E sabe perfeitamente o que confecionou. E sabe perfeitamente que não foi só uma vez.

Em contrapartida, é verdade o que li também por aí, quando escrevemos muitos textos públicos temos um medo terrível de ter feito copy-paste e depois ter esquecido a autoria, as aspas, etc… Isso acontece. O que se passa com o VB não tem nada a ver com isso. É preciso muita má-fé ou muito amiguismo para fingir não o ver.

Também li teorias da conspiração de que a sua voz deve ser afastada porque incomoda, etc… Enfim, nem merece comentário.

Não são os plagiados ou os que denunciam o plágio que se devem sentir mal e ainda por cima serem alvo de acusações de busca de protagonismo. É quem faz contrafação de forma consciente e que com isso beneficia que deve ter vergonha. Sem contar com o facto de que não põe só em causa a confiança dos leitores nos seus textos, mas também a confiança em todos os outros.

Ter uma voz pública é um privilégio e também uma responsabilidade.

Luísa Semedo

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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