Do artista Oliver Jeffers é publicado em Portugal o livro ilustrado “Recomeçar”, descrito pelo autor como “uma história visual, uma crítica da atualidade e uma sugestão de trajetória para a história da Humanidade”.
“Recomeçar” tem o longo subtítulo “A história de como aqui chegámos e para onde poderemos ir – a nossa história humana. Até agora” e faz parte de uma série de livros ilustrados com os quais Oliver Jeffers tem incentivado adultos e crianças a uma reflexão sobre o propósito das pessoas na Terra.
Ao longo de mais de uma centena de páginas ilustradas, nas quais predominam o azul e o rosa, Oliver Jeffers vai dando saltos no tempo para constatar tudo o que foi possível evoluir, desde os primórdios dos primórdios da vida humana na Terra até à atualidade, desde a invenção do fogo e das palavras até à exploração tecnológica e espacial.
“Ao longo dos últimos anos, comecei a interrogar-me se o meu papel na vida era o de fazer perguntas ‘idiotas’, em voz alta e com suficiente desfaçatez, para clarificar alguns pressupostos, em benefício de todos”, escreveu Oliver Jeffers, numa nota de autor no final do livro.
Para o premiado autor e artista visual, que cresceu em Belfast (Irlanda do Norte) e viveu nos Estados Unidos, “Recomeçar” é uma tentativa de “tentar destilar as coisas até ao ponto de simplicidade em que qualquer pessoa lhes possa aceder e chegar a um acordo. Chegar ao centro dos raios das rodas das nossas vidas interligadas, por assim dizer”.
“Recomeçar” é também uma obra que entrelaça dois universos criativos de Oliver Jeffers, o das “histórias visuais apreciadas sobretudo por crianças, e [o da] arte observacional, apreciada sobretudo por adultos”.
Oliver Jeffers publicou o primeiro livro ilustrado para crianças há 20 anos, quando saiu “Como apanhar uma estrela” (2004), e já fez mais de duas dezenas, a maioria em nome próprio, sobre brincadeiras, gulodices, sobre a amizade e a valentia, sobre a perda e a tristeza.
Com o nascimento dos filhos, a partir de 2015, os temas das histórias foram-se adensando e o ângulo de abordagem e de reflexão alargou-se a uma escala maior, à da Terra e do Universo.
Replicando o que os astronautas conseguem fazer, ao observar a vida na Terra a partir do espaço, Oliver Jeffers concorda que, “com a distância, ganha-se perspetiva” na forma como se olha para o comportamento das pessoas e para as suas histórias.
Na mesma linha de reflexão de “Recomeçar”, Oliver Jeffers lançou, por exemplo, “Aqui estamos nós: Apontamentos para viver no Planeta Terra”, “O que vamos construir”, “Enquanto isso, na Terra” ou ainda o premiado “O destino de Fausto”, todos já editados em Portugal pela Orfeu Negro.
“Enquanto artista talvez a minha maior epifania tenha sido perceber que a ação mais poderosa que podemos levar a cabo, na nossa qualidade de seres humanos civilizados, é mudar a história. Podemos sempre, sempre mudar a história”, escreveu.