O Vaticano (Dicastério para a promoção da união cristã) publicou um documento intitulado “O Bispo de Roma”, em 13 de junho de 2024, com sugestões sobre uma possível reinterpretação católica do papel do Papa de maneira a possibilitar o ofício do Papa como “chefe honorário” das confissões cristãs numa perspetiva ecuménica de “unidade na diversidade”.
O documento resulta de reflexões e das reações teológicas à encíclica “Ut unum sint” do papa João Paulo II publicada em 1995.
No novo documento, o Vaticano, prevê uma “reinterpretação” dos ensinamentos do Concílio Vaticano I que deveriam ser vistos no seu contexto histórico de monarquias. Tratar-se-ia agora de acentuar a perspetiva da comunidade e não tanto a hierárquica e assim se avançar com a “sinodalidade” numa interação de consulta e tomada de decisões conjuntas. O “Papa Ecuménico” presidiaria a conselhos interconfessionais e assumiria o papel de mediador em caso de conflitos disciplinares ou docentes…
Teria de haver uma diferenciação das funções do Papa “entre o seu ofício patriarcal na Igreja Ocidental e o seu ofício principal de unidade na comunhão das igrejas”.
Isto pressupõe também uma fase de grande diálogo dentro da Igreja católica sobre a autoridade das conferências episcopais nacionais e regionais e a sua relação com o Sínodo dos Bispos e a Cúria Romana.
Este é certamente um longo caminho que pressuporia a convocação e aprovação por um Concílio Vaticano III. E seria óbvio que o reconhecimento do Papa como “chefe honorário” de todos teria de vir de um “Sínodo Ecuménico”.
Talvez esta seja uma iniciativa charneira da história com significado religioso e político-social no sentido de antecipar o desenrolar de toda a Comunidade humana nos próximos séculos. Se observamos a história da Europa, retrospetivamente, e até da ONU verifica-se que se adota o modelo católico como um tipo protótipo, a nível de institucionalização e socialização da humanidade também no âmbito secular.
Para o Papa Francisco, o verdadeiro ecumenismo acontece quando caminhamos juntos…