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Os carros de rali aceleram nas estradas portuguesas

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É a partir desta quinta-feira, que tem oficialmente início a 55ª edição do Vodafone Rally de Portugal, cujos primeiros quilómetros cronometrados serão disputados em Coimbra, na primeira de três Super Especiais que compõem o programa competitivo desta edição.

Até domingo, há 21 classificativas para percorrer entre as regiões Centro e Norte do país, numa prova que marca a estreia em pisos de terra dos novos modelos de “Rally1” e que assinala o 50º aniversário do WRC, com a presença de alguns dos pilotos que fizeram a história do Mundial de Ralis ao longo deste meio século. 

Tudo a postos para o arranque do Vodafone Rally de Portugal, o maior evento desportivo do país que, a partir desta quinta-feira e até ao próximo domingo, reúne uma das melhores listas de participantes dos últimos anos, numa edição duplamente histórica, pela estreia em pisos de terra da nova geração de carros híbridos e pelas comemorações dos 50 anos do WRC. 

Com um figurino composto por 21 classificativas, divididas entre as zonas Centro e Norte do país, a 55ª edição do Vodafone Rally de Portugal começará, como habitualmente, com o Shakedown em Baltar, Paredes, a partir das 9h01 desta quinta-feira, naquele que será o derradeiro teste para equipas e pilotos definirem ou corrigirem afinações, antes da partida oficial em Coimbra, ao final do dia. 

Em estreia absoluta no figurino da prova organizada pelo Automóvel Clube de Portugal, a Super Especial de Coimbra marca o início das “hostilidades”, a partir das 19h03. Uma classificativa a pensar, sobretudo, no espetáculo, que se desenvolve por 2,82 km, no perímetro urbano da cidade do Mondego. Antes do arranque das principais equipas, o programa paralelo inclui, ainda, uma exibição com alguns dos principais carros que fizeram a história do WRC e uma prova de Clássicos Desportivos.

O ano em que ninguém arrisca um vencedor 

A nova era híbrida do Campeonato do Mundo de Ralis vai ter a sua prova de estreia, em pisos de terra, no Vodafone Rally de Portugal, com a presença de um número recorde de 12 carros da categoria “Rally1”. 

O maior contingente pertence ao M-Sport Ford World Rally Team, que participa, pela primeira vez, com cinco Puma Rally1, enquanto o Toyota Gazoo Racing World Rally Team inscreve quatro GR Yaris Rally1. Os restantes três são os i20 N Rally1 com as cores do Hyundai Shell Mobis World Rally Team, pilotados por Thierry Neuville, Ott Tänak e o regressado Dani Sordo.  

Um dos principais pontos de interesse desta quarta ronda do WRC é a presença dos franceses Sébastien Ogier e do rival Sébastien Loeb, que, este ano, têm apenas participações pontuais e regressam à competição depois da abertura, em Monte Carlo, ganha precisamente por Loeb. 

São os dois maiores campeões da história do WRC: entre ambos, detêm 17 títulos (nove para Loeb e oito para Ogier), todos conquistados nos últimos 18 Campeonatos do Mundo de Pilotos – apenas Ott Tänak quebrou a sua hegemonia, em 2019. Para acrescentar ao impressionante registo de ambos, importa referir que apresentam, em conjunto, 134 vitórias em provas do WRC! 

Ogier vai juntar-se ao atual líder do Campeonato, Kalle Rovanperä, a Elfyn Evans (vencedor da prova portuguesa em 2021) e ao japonês Takamoto Katsuta na Toyota Gazoo Racing, que também lidera o Mundial de Construtores. O piloto francês ostenta cinco vitórias em Portugal: em 2010 (a sua primeira no WRC), 2011, 2013, 2014 e 2017. Se ganhar esta edição, torna-se no piloto mais vitorioso de sempre em Portugal, ultrapassando o lendário Markku Alen, com qual está atualmente empatado. 

“Estou entusiasmado por voltar a competir em Portugal”, diz Ogier, que ocupa presentemente a oitava posição no Campeonato de Pilotos. “Gostei muito de ter tido um tempo de folga e agora sinto-me bastante refrescado para o regresso. Estou feliz por saber que a equipa tem continuado a ganhar nos dois últimos ralis, e estou aqui para conseguir um bom resultado para mim e para ajudar a Toyota a vencer mais um Campeonato de Construtores. Não partir perto dos da frente vai ser algo novo para mim e penso que pode ser uma pequena vantagem, se não chover. O mais difícil será entrar logo no ritmo, porque fiz apenas um dia de testes em pisos de terra, na passada semana”, acrescenta o francês. 

Já Loeb, que ganhou em Portugal “apenas” por duas vezes, conquistou em Monte Carlo a sua incrível 80.ª vitória no WRC, e tem como colegas de equipa na M-Sport Ford Craig Breen, Gus Greensmith, Adrien Fourmaux e Pierre-Louis Loubet. 

“As primeiras sensações com o Puma na terra foram bastante boas”, diz o francês nove vezes Campeão do Mundo. “Trabalhámos a suspensão e a afinação dos diferenciais, mas um só dia de testes não é muito quando se trata da primeira vez que guias um carro em troços de terra. No entanto, fiquei feliz com as sensações que tive. O meu objetivo é encontrar o ritmo tão rápido quanto possível, mas como sou o quarto na estrada, limpar os troços é sempre um desafio se o tempo estiver seco. Não sei bem o que esperar, pelo que temos de conseguir fazer um bom primeiro dia”, conclui Sébastien Loeb. 

Quanto a Kalle Rovanperä, é o atual líder do campeonato, com uma sólida vantagem de 29 pontos sobre o segundo, Neuville, muito fruto das vitórias consecutivas nos ralis da Suécia e da Croácia. Vai por isso ter a tarefa de abrir pela primeira vez a estrada, na sexta-feira, sendo naturalmente penalizado pelo facto de ter de “limpar” os troços para os restantes concorrentes. 

“A sensação com o novo carro na terra foi bastante boa no geral, especialmente no teste pré-evento, onde houve melhorias relativamente ao trabalho feito anteriormente. Costumo gostar do Rally de Portugal: as classificativas são boas e técnicas e há um ambiente excelente. ‘Limpar’ os troços será provavelmente o nosso maior desafio, já que é algo de novo para nós”, realça Rovanperä. 

O colega de equipa Elfyn Evans era um dos favoritos à partida para o campeonato deste ano, mas duas desistências por despiste nas duas primeiras provas e um resultado modesto na Croácia fazem com que chegue a Portugal na nona posição, já a 59 pontos do líder. É o nono na estrada, enquanto o colega de equipa Takamoto Katsuta é sexto e vai tentar melhorar o quarto lugar final que conquistou na edição do ano passado do Vodafone Rally de Portugal. 

Evans mostra-se reservado nos prognósticos: “É difícil saber como estamos perante a concorrência no primeiro evento em troços de terra com os carros Rally1, mas as sensações nos testes foram muito positivas. Portugal é um rali do qual tenho gostado cada vez mais à medida que o disputo e foi fantástico vencer aqui no ano passado. Podemos certamente conseguir um grande resultado”. 

Quanto à decisão da M-Sport Ford de inscrever cinco carros, constitui a maior entrada de um construtor na nova era Rally1. A marca da oval azul até tem estado bem nas últimas participações em Portugal, com a vitória de Ogier em 2017 e dois lugares no pódio no ano seguinte. 

Craig Breen, atualmente terceiro no campeonato, faz a antevisão da prova: “Estou ansioso pelo Rally de Portugal. Há alguns anos que não o disputo, creio que desde 2018. Os três primeiros ralis deste ano são, de certa forma, únicos, cada qual à sua maneira, pelo que estou curioso para ver como os Puma se vão comportar aqui. O teste foi bom, mas há muitas classificativas novas e algumas mudanças desde a última vez que cá estive”. 

Gus Greensmith, por seu turno, guiou pela primeira vez um World Rally Car no Vodafone Rally de Portugal de 2019. Vai contar também com a concorrência dos companheiros de equipa Adrien Fourmaux e Pierre-Louis Loubet. Greensmith e Fourmaux foram respetivamente quinto e sexto, no ano passado, em Portugal, com os Fiesta WRC, o que lhes deve garantir alguma confiança para edição deste ano. 

Entre os Construtores, o Hyundai Shell Mobis World Rally Team está à frente da M-Sport Ford no Campeonato por quarto pontos, e os três pilotos da equipa todos têm considerável experiência em Portugal, pelo que são potenciais candidatos à vitória. 

Thierry Neuville venceu em 2018 e foi segundo no ano seguinte, posição idêntica à que detém presentemente no Campeonato de Pilotos. “Há sempre uma imensidão de público e um ambiente fantástico, em Portugal. As classificativas são agradáveis, mas ao mesmo tempo desafiantes, e a gestão dos pneus também é bastante importante, aqui, porque as segundas passagens podem ser muito duras. Vimos, na Suécia, com o set-up para terra, na neve, que o carro era muito rápido, pelo que temos esperança de ser rápidos nesta superfície”, diz o belga. 

O colega de equipa Ott Tänak venceu o Rally de Portugal, em 2019, na sua caminhada para conquista do título mundial. O estónio está atualmente empatado com Loeb na quarta posição do Campeonato e, no ano passado, venceu oito das especiais da prova portuguesa, que liderou durante a maior parte da ação de sábado, antes de danificar a suspensão do Toyota na classificativa de Amarante. 

“O Rally de Portugal é muito divertido de guiar e um de que gosto realmente. É rápido com uma superfície bastante macia e, nas segundas passagens, pode ser muito duro e exigente. Precisas tanto de fiabilidade como de velocidade para seres bem-sucedido aqui. Espero que o bom momento do nosso pódio na Croácia, depois de dois maus resultados em Monte Carlo e na Suécia, continue em Portugal”, deseja o estónio. 

Dani Sordo é outro dos regressos na prova portuguesa do WRC, só que, para o espanhol, esta é a primeira participação do ano, aos comandos do terceiro Hyundai i20. Tem excelentes desempenhos em Portugal, onde foi terceiro por quatro vezes (2007, 2009, 2010 e 2017), liderou ao longo de quarto especiais em 2019 e terminou em segundo no ano passado, após vencer quatro especiais e liderar a prova durante cinco. 

“Portugal é sempre muito bom, pelo que estou contente que seja o meu primeiro rali da época, uma vez que consegui aqui dois pódios com a Hyundai. Espero adaptar-me rapidamente a este novo desafio, mas sei que não será fácil, porque os outros pilotos já disputaram três ralis, este ano”. 

Mikkelsen lidera o extenso pelotão do WRC2 

Os principais pontos de interesse deste 55.º Vodafone Rally de Portugal são, sem dúvida, o regresso do duelo entre Sébastien Ogier e Sébastien Loeb e a estreia dos 12 carros “Rally1” híbridos de última geração numa prova de terra do Campeonato do Mundo (WRC), mas a promessa de uma empolgante luta pela vitória no Campeonato FIA WRC2 não deixa igualmente de atrair as atenções. 

São 41 inscritos, liderados pelo campeão em título e atual comandante do WRC2, Andreas Mikkelsen, no Skoda Fabia Evo. O norueguês, que no ano passado falhou a prova do ACP por estar infetado com COVID19, tem 15 pontos de vantagem sobre o francês Yohan Rossel (Citroën C3), que por sua vez conseguiu o primeiro triunfo nesta competição no Rally da Croácia deste ano, depois de se ter sagrado campeão do WRC3, em 2021. 

Os colegas de equipa de Mikkelsen no Toksport WRT, Marco Bulacia e Nikolay Gryazin, juntamente com o duo da Hyundai Motorsport N, Teemu Suninen e Oliver Solberg, são outros dos potenciais candidatos à vitória na prova portuguesa. Chris Ingram, Kajetan Kajetanowicz, ambos em Skoda Fabia Evo, e os Citroën C3 de Eric Camilli, Jan Solans e Stèphane Lefebvre, podem também ter uma palavra a dizer no que respeita aos lugares cimeiros. 

Entre os concorrentes Júnior, competição para pilotos até 30 anos de idade, o checo Erik Cais lidera, com apenas um ponto de vantagem sobre Gryazin e o finlandês Emil Lindholm, enquanto o estónio Georg Linnamäe e Ingram completam o top-5. Os pilotos aproveitam os seis melhores resultados das sete provas da competição. 

Pajari lidera o WRC3 e Joona e Armstrong o Junior 

O Campeão do Mundo Júnior em título, o finlandês Sami Pajari, lidera o WRC3, com quatro pontos de vantagem sobre o italiano Enrico Brazzoli e sete sobre o irlandês William Creighton, com três jornadas já disputadas. Já o FIA Junior WRC, que vai na 21.ª edição e integra o Vodafone Rally de Portugal desde 2007, é liderado ex-aequo por Lauri Joona e Jon Armstrong, após duas rondas da competição de cinco eventos. 

Portugueses focados sobretudo no CPR 

O Vodafone Rally de Portugal é o palco da terceira prova da temporada do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR). Armindo Araújo (Skoda Fabia) lidera o contingente de 11 pilotos inscritos no WRC2, mas deve preocupar-se, essencialmente, com as contas do “Nacional”, que lidera com 72 pontos, mais nove do que o segundo classificado, Miguel Correia que, há um mês, se estreou no lugar mais alto do pódio, na sequência da vitória no Rali Terras d’Aboboreira. 

O campeão nacional em título, Ricardo Teodósio (Hyundai i20 N) e o colega de equipa Bruno Magalhães, mas também José Pedro Fontes (Citroën C3), Pedro Almeida (Skoda Fabia) e Pedro Meireles (Hyundai i20 N), são outros dos que podem discutir a primazia no CPR, cuja lista de participantes no WRC2 se completa com Lucas Simões, Diogo Salvi, Paulo Caldeira e Manuel Castro. 

A competição destinada ao CPR disputa-se apenas da primeira à nona especial do 55.º Vodafone Rally de Portugal, sendo que depois, entre os que decidirem continuar, o foco de interesse se vai centrar na luta pelo título de melhor português na prova. 

Garantia de animação também nos troféus Peugeot e Toyota 

Os dois troféus que integram o CPR 2022, a Peugeot Rally Cup Ibérica e a Toyota Gazoo Racing Iberian Cup, também marcam presença na 55ª edição do Vodafone Rally de Portugal. 

A competição dos carros franceses, que está na quinta edição, vai para a terceira das seis provas do calendário deste ano. Na ronda inaugural, em Fafe, venceu o espanhol Oscar Palomo, e na segunda, em Mortágua, o compatriota Diego Ruiloba, que lidera o troféu com 42 pontos, mais oito do que Ernesto Cunha, enquanto Palomo e Ricardo Sousa encerram o pódio provisório, ambos com 25 pontos. 

Já o troféu reservado aos Yaris RZ também vai para a terceira jornada e conta igualmente com vencedores diferentes, Miguel Campos, nos Açores, e Sergi Francolí, que se estreou na competição no Rali Terra da Auga, disputado na Galiza. Campos mantém, todavia, a liderança provisória da competição com um calendário de nove jornadas. Tem 38 pontos, mais três do que Ricardo Costa e mais dez do que Fran Cima. 

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