ONG faz apelo à comunidade portuguesa na Venezuela
A organização não governamental (ONG) ‘Regala Una Sonrisa’ (RUS) apelou este domingo à comunidade portuguesa para que una esforços para ajudar mães que criam os filhos sozinhas e crianças que vivem nas ruas de Caracas.
“Apelo à nossa comunidade portuguesa do país, que ponha a mão no coração. A Venezuela é um país que nos dá abrigo e trabalho. Está na hora de a nossa comunidade ajudar também aos [venezuelanos] que mais precisam de ajuda”, disse um responsável da ONG.
Fernando Soares falava à agência Lusa durante uma jornada noturna de atenção a sem-abrigo, na qual participou também o cônsul-geral de Portugal em Caracas, Licínio Bingre do Amaral.
“Uma vez ao mês saímos à procura de quem vive na rua, das pessoas que comem do lixo, que passam um mau momento. Levamos-lhes alimentos, roupa e atenção médica. Muitos miúdos andam descalços, vivem doentes. Há mães com três e quatro filhos, que estão sozinhas e precisam de apoio para os criar”, disse o lusodescendente.
Fernando Soares explicou que a Venezuela é um país com muitas riquezas naturais, mas não tem “espaços estatais para atender quem vive na rua, onde se possam vestir, banhar-se e receber atenção”.
“Um prato de comida não vai mudar a vida das pessoas, mas dignificamos o dia delas. O ordenado é insuficiente para manter uma família com três ou quatro crianças, então elas estão obrigadas a pedir dinheiro”, disse, precisando que “Caracas é uma cidade onde sair a jantar custa muito”.
Segundo o lusodescendente, faz falta educação sexual e políticas estatais.
Por seu lado, o cônsul-geral de Portugal em Caracas, Licínio Bingre do Amaral, explicou à Lusa que a ‘Regala Una Sonrisa’ (“Dá um sorriso”, em tradução do castelhano) se tem esforçado por “recuperar e apoiar a dignidade humana”, em tentar “que estas pessoas vejam que não estão esquecidas”.
“Eles fazem entrega de alimentos, roupa e também têm um controlo médico. Têm paramédicos e andam por Caracas à noite a tentar de alguma maneira apoiar estas pessoas”, disse.
O diplomata explicou que a RUS recebe “um contributo do Governo português para apoio a portugueses”, mas que nesta ocasião estavam “na rua a ajudar pessoas necessitadas e que, por droga e outros motivos, são sem abrigo”.
Sobre os portugueses, o cônsul explicou que a ONG “faz um trabalho excelente” ao “acompanhar pessoas desamparadas, de idade, que estão sozinhas em casa”.
“Eles andam no terreno, têm contactos e na maior parte dos casos apoiam-nos financeiramente e noutros casos referem-nos a nós, ao Consulado, para tentarmos continuar esse apoio social”, disse.
O diplomata frisou ainda que “já tinha ideia” do que encontraria nas ruas de Caracas porque já tinha falado sobre isso, várias vezes, com o presidente da RUS.
Há mais de sete anos que a ONG ‘Regala Una Sonrisa’ realiza jornadas mensais de atenção a pessoas em situação de rua.
Por outro lado, semanalmente, promove a “Sopa Sorriso” a mais de 200 pessoas carenciadas do centro de Caracas.
Realize ainda sessões de ioga e é responsável pelo programa “Anjos Lusitanos” que atende portugueses que vivem isolados e em situações precárias.