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O plano secreto para invadir os Açores

O presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill tinham um plano para invadir os Açores se Salazar não concedesse facilidades militares aos Aliados com a ameaça nazi, disse um especialista em relações internacionais.

O especialista em relações internacionais Luís Andrade afirma, em declarações à agência Lusa, que Salazar “protelou sistematicamente” a concessão de facilidades aos britânicos nos Açores porque pensava ser “relativamente cedo para que isso acontecesse, receando uma retaliação por parte da Alemanha nazi”.

Com a invasão aliada de África em 1942, o especialista refere que “começou-se a desenhar, embora de forma ténue, que os Aliados pudessem ganhar a guerra”, tendo, apesar de tudo, Salazar esperado até agosto de 1943 para a assinatura de um acordo formal com a Inglaterra que permitia às forças britânicas instalarem-se na ilha Terceira. “Quer o presidente Roosevelt como o primeiro-ministro Churchill se, de facto, nesta altura, Salazar não tivesse acedido ao pedido britânico, já tinham planeada uma invasão dos Açores por parte dos Aliados”, declara o professor catedrático.

Luís Andrade destaca, contudo, que anteriormente a este período, houve um plano alemão (Félix) para invadir os Açores que acabou por não se materializar, porque foi transmitido a Adolf Hitler pelo almirante envolvido nesta matéria que “o problema não era tomar os Açores mas mantê-los”, uma vez que a Inglaterra “ainda controlava o Atlântico”.

O especialista explica que a relação de Portugal com os norte-americanos “foi diferente (da britânica) porque não havia nenhum acordo bilateral” e a contrapartida que foi encontrada para ceder a Washington facilidades militares, em 1944, na ilha de Santa Maria, foi a questão de Timor, que tinha sido invadido pelos japoneses, tendo-se pedido apoio americano neste dossiê.

O presidente Roosevelt – que tinha na Casa Branca um quadro da baía de Ponta Delgada como recordação da sua estada nos Açores, enquanto subsecretário de Estado da Marinha – admitiu mesmo aplicar a doutrina Monroe, de 1823, ao arquipélago, que sustentava não permitir aos europeus intromissões nos assuntos internos americanos. “Ao afirmar isso estava a referir que os Açores eram fundamentais para a defesa dos Estados Unidos, uma vez que havia a consciência, em termos estratégicos, de ser fundamental o controlo do arquipélago para lutar contra o expansionismo germânico, por via da sua ameaça submarina no Atlântico Norte”, disse Luís Andrade.

De acordo com Eduardo Mayone Dias, escritor e professor universitário da Universidade de Los Angeles, já em julho de 1940, o Ministério de Guerra português tinha enviado um telegrama ao Governador Civil dos Açores onde este é alertado para uma perigo iminente de invasão do arquipélago. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha enviava uma carta a Lisboa presssionando para que o país denunciasse uma aliança com Londres e estabelecesse um pacto com a Espanha, país aliado de Berlim.

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