Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais.
Immanuel Kant
A última noite, a meio da noite, mas mesmo a meio, não à meia-noite, por causa do calor, andava eu pela varanda. Deparo com um gato que estava aconchegado junto do pneu do automóvel.
É visita (de médico) por aqui e nunca lhe consegui pôr a mão.
Nesta noite tentei aproximar-me e não fugia. Deixou que lhe afagasse o dorso e a cabeça.
Subiu as escadas comigo, quando eu já balbuciava “Ahna, fofo”! “Ahna mor”! “Tem fominha?”, “Quer papar?” completamente alheio a todo o resto com a alegria que o pequeno felino me estava a devolver.
Fui buscar leite. Leite, que a par das sardinhas que eu não tenho, desde miúdo oiço dizer que são assim que a modos pantagruéis fisgados por qualquer gato.
Sem se intimidar comigo, provou do leite. Para mim contava a vitória de ter conseguido as graças do pequeno animal.
Não bebeu o leite todo. Pela manhã fui ver e ainda restava.
Mas, pensando a crú… à hora que eu balbuciava ternuras ao pequeno quadrúpede, se alguém aquela hora me ouvia ou presenciava!
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)