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“O folclore português vem do coração”

Os pequenos luso-americanos que são alunos da professora Carla Gil em New Bedford, nos Estados Unidos, aprendem que o rancho não é só uma dança que se aprende, mas que o folclore português “vem do coração”.

“Eu sempre disse a eles, foi a primeira aula que nós tivemos, que o folclore não vem de nós aprendermos a dançar uma música – toda a gente pode aprender a dançar. O folclore é do coração, bate no nosso coração”, disse à agência Lusa a diretora artística do grupo folclórico da escola portuguesa de New Bedford, Discovery Language Academy.

“Quando nós estamos a dar aqueles passos, a gente sabe que é aquela música que vem da nossa raiz. E eles então têm adorado. Têm gostado mesmo”, acrescentou a professora, ao descrever a relação das crianças nascidas nos Estados Unidos com o folclore português, que os pais ou avós querem transmitir.

Alguns momentos especiais, de acordo com a professora, são quando os avós levam os netos ao grupo de rancho e ficam para assistir aos ensaios: “Nota-se na carinha deles que eles querem saltar do assento porque estão a ver os netinhos a dançarem a cultura”, disse.

Natural de Buarcos, Figueira da Foz, Carla Gil dançou em grupos folclóricos em Portugal antes de emigrar para os EUA com oito anos de idade e também participou nas danças da escola portuguesa de New Bedford, onde agora dirige um grupo de 15 crianças, que vestem diferentes trajes, em representação de várias regiões de Portugal.

Para os alunos que aprendem a língua portuguesa na Discovery Language Academy, o grupo folclórico é mais uma forma interativa e uma brincadeira educativa de entender mais sobre Portugal e sobre a cultura das regiões onde os pais ou avós viveram antes de emigrar para os EUA.

Mesmo nas famílias luso-americanas onde os costumes portugueses são poucos ou não existem, as crianças que andam no rancho também ensinam aos pais e avós.

“Eu não só ensino a dançarem, ensino também a cultura da música, mostro-lhes de onde é que vem a canção, como foi escrita”, explicou Carla Rocha Gil, depois de uma dança, em traje tradicional e descalça, para mostrar às crianças que era assim que as peixeiras andavam na areia.

O “Namorico Saloio” é uma das canções preferidas dos pequenos, em que o rapaz “está atrás do namoro” e a menina diz “tu achegas achegas, eu afasto afasto”, explicou a professora, com o exemplo do Rancho das Cantarinhas de Buarcos.

“Eu ensinei-os a dizer que era o ‘achega achega’, porque só assim é que eles entendiam que era aquela canção”, disse a professora da escola comunitária portuguesa que tem sede no DeMello International Center.

As crianças vestem a camisola (ou o traje folclórico, neste caso) e ficam também com mais palavras no vocabulário, por causa das personagens que representam, como as peixeiras, varinas ou pescadores.

“Às vezes eu pergunto – chamas-te o quê? Eu sou a peixeira. E tu? – Eu sou pescador”, realçou Carla Gil, palavras que eles não sabiam antes de dançar.

O rancho português é mais um motivo de orgulho dos avós e pais pelas crianças luso-americanas ou lusodescendentes, porque quando os netos vão para Portugal, tentam falar mais português e mostram o folclore que aprenderam.

Carla Gil deu ainda o exemplo de duas meninas que andam na escola portuguesa e no rancho. Os pais, que “não falam uma palavra de português” e os avós, que também falam muito pouco, entenderam colocar as crianças a aprender.

“Agora, elas adoram”, concluiu a professora. “Dizem ‘vou para casa e eu danço para a minha vovó americana’”.

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