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O convento do Bom Pastor e a irmã Maria


Falar da Irmã Maria, na cidade do Porto, parece-me descabido, já que é sobejamente conhecida, assim como a notável obra realizada pelas Irmãs do Bom Pastor, que se dedicam, como se sabe, à reeducação de raparigas.

Sua Santidade, o Papa Paulo VI, analisando, escrupulosamente, a vida de Maria Droste, reconheceu-lhe a santidade, considerando-a Bem-Aventurada, a 1 de novembro de 1975.

Falemos, agora, da Casa do Bom Pastor e como a criaram na cidade do Porto.

Foi fundada por iniciativa de Dona Jerónima do Valle, e de seu capelão, Padre Luís Rua, em 1882, com cinco Irmãs, que vieram de Angers.

Instalou-se em 1883, na Rua do Vale Formoso, numa casa de campo, que ali existia. Recorreu-se a hipoteca, ficando a casa em nome do Padre. Rua.

De início progrediu rapidamente, mas, devido à má administração, endividou-se, de modo a perigar a existência.

Perante o descalabro, a 17 de maio de 1894, resolveram enviar, de Lisboa, a Irmã Maria, nobre e culta jovenzinha, que se destacou pela virtude e capacidade de liderança.

Mandaram-na de Caminho de Ferro para a Capital de Portugal. Em Medina (local onde o Príncipe da “Grã – Ventura” perdeu os caixotes) conheceu, por mero acaso, a mãe do velho Conde de Campo Belo, que lhe fez companhia até Lisboa.

Na Capital portuguesa auxiliava a Superiora e aprendia, também, o português.

Decorrido meses, tomou posse como Superiora do Convento do Porto, mas facilmente verificou que a casa estava quase em ruínas.

 Realizou, então, benfeitorias: fundou escola para as educandas aprenderem a ler (só em 1894, em Portugal, o ensino primário foi obrigatório); criou a Clausura para as Irmãs; e melhorou as instalações, para que a casa se tornasse num verdadeiro Convento.

Nesse tempo, no final do séc. XIX, o povo influenciado por sociedades secretas, era inclinado ao anticlericalismo.

O rapazio maltratava as Irmãs, apelidando-as de “bruxas” e “jesuítas”.

Os insultos eram constantes, nem podiam abrir janelas que davam para a rua!

A situação económica da Casa tornou-se insuportável. O Convento carecia de obras urgentes, para funcionar dignamente.

No final de 1895, a Irmã Maria, pensou vendê-lo; mas seria, por certo, o fim do ” Bom Pastor”. Para onde iriam as infelizes raparigas? Abandoná-las? Preferia morrer, – pensava a Madre Superiora.

Conhecedora da aflitiva situação, a Casa – Mãe de Angers, envia o Abade Schober, na intenção de resolver, com a Irmã Maria, a desmedida carência.

Assentaram que a Casa de Angers e os pais da Irmã Maria, suportariam as despesas necessárias.

Para melhor esclarecimento, a Superiora e o Abade Schober deslocaram-se a Angers.

A pedido da Irmã Maria, no regresso a Portugal, D. Teotónio Ribeiro Vieira de Castro ficou como seu guia espiritual.

Nas numerosas cartas que lhe escreveu, foi explicando-lhe o meio como Jesus lhe falava: ” Nunca contemplei alguma coisa com os olhos ou ouvidos; tudo decorre num íntimo, como se uma voz falasse e a escutasse no coração.”

Várias foram as revelações que Jesus lhe comunicou nesses enternecedores diálogos, entre eles: que o guia espiritual viria a ser bispo, mas só depois da sua morte.

Desejava a Irmã Maria, bastante enferma e com dores lancinantes, erguer capela ao sagrado Coração de Jesus, mas faleceu antes de a concretizar. Todavia as Irmãs concluíram a igreja, em 1910, ano em que foram expulsas, e o Convento transformado em quartel, destruindo a igreja.

Só em junho de 1978, as Irmãs conseguiram levantar a igreja, no Convento de Ermesinde.

Correram muitos anos após a morte da beata Maria Droste do Divino Coração de Jesus, até que em novembro de 1944 abriram o caixão e verificaram que o corpo estava intacto. Os pés e as mãos tinham aspecto normal, apenas o rosto, – estando perfeito, – apresentava-se escuro.

Oito anos depois, foi noticiado que Isabel dos Santos, que sofria de grave peritonite de origem tuberculosa, na noite de 6 para 7 de dezembro de 1952, ficou totalmente curada. Milagre verificado por três médicos e pessoal de enfermagem.

Era o primeiro milagre atribuído à intervenção da Irmã Maria Droste.

Humberto Pinho da Silva

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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