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Newark: votar a pensar no futuro de Portugal

Os emigrantes nos Estados Unidos participam nas presidenciais a pensar no futuro de Portugal, tanto aqueles que votaram sábado e hoje no estrangeiro pela primeira vez como aqueles que o fazem há décadas.

Susana Ferreira e Ricardo Ferreira votaram este sábado pela primeira vez fora de Portugal, no consulado de Newark, Estados Unidos, país onde estão há cinco anos.

Como tinham um carrinho de bebé, foram votar à vez, esperando um pelo outro nos largos corredores do edifício onde se encontra o Consulado de Portugal, com máscara e guardando a distância de outras pessoas que se encontravam na fila, por causa da covid-19.

Não trouxeram expectativas para os que estão emigrados, até porque ainda sentem que a mudança de país foi “recente”: votaram para marcar uma posição sobre o que está a acontecer em Portugal.

“Sinceramente, nestes cinco anos, não temos tido grande exposição”, disse Ricardo Ferreira, de 38 anos, com a frase a ser completada pela esposa: “Aos problemas da comunidade”.

“Até quando vimos votar a nossa mente está sempre lá e então acabamos sempre por pensar mais nos problemas de lá até do que daqui”, disse Susana Ferreira, professora, de 42 anos.

Por causa da pandemia, diz que “está a ser um bocadinho estranho”, sobretudo por terem um bebé, mas ainda assim não quiseram deixar de votar.

“Viemos na mesma, porque votar é tão importante que não podíamos ficar em casa”, continuou.

“A abstenção em Portugal geralmente é muito grande e não queríamos fazer parte da abstenção”, destacou Susana.

Para o casal, a motivação de participar na eleição é cumprir o dever cívico, como ambos fariam se estivessem em Portugal. Tentaram até convencer a votar um sobrinho de 20 anos, que está em Portugal.

Já Cristina, de 28 anos, nascida nos Estados Unidos, já votou por correspondência no passado, mas hoje foi votar presencialmente no Consulado Geral de Portugal de Newark pela primeira vez. Escolheu ir hoje para evitar a confusão que se podia criar no domingo.

O pai, Carlos, das Caldas da Rainha e nos Estados Unidos desde 1988, disse que o processo de votação teve “um pouco de espera”, mas foi “fácil” e “sempre a andar”.

A luso-americana Cristina diz que se mantém informada sobre a pátria da família e que “adorava” estabelecer-se em Portugal, onde nunca viveu, acompanhando o pai, que tem esperanças de regressar.

Entre as melhorias que gostavam de ver está “que esta pandemia passe” e que se crie “mais trabalho” em Portugal. Carlos espera também mais facilidade no atendimento consular para “resolver certas coisas”, como o cartão de cidadão.

Fernanda, de 65 anos, votou a esperar pelo “melhor”: “Uma pessoa só pensa no melhor, para aqui, para lá e para todo o lado. Que corra tudo bem é o que a gente quer”.

Emigrada há 36 anos, tem parte da família nos Estados Unidos e não conta, para já, com um regresso a Portugal, para além das visitas ocasionais.

Ainda assim, e apesar de estar fora do país há quase 40 anos, considera que foi importante dar, em voto, a sua contribuição: “Nunca se sabe. Um dia que a gente vá, uma pessoa gosta também que corra tudo bem aqui, mas que corra tudo bem lá. É o nosso país”.

Apesar “do pouco que a gente ouve”, Fernanda conseguiu informar-se sobre as várias campanhas presidenciais e tomar uma decisão, mas diz que cada candidato “é uma carta fechada”.

“São todos muito bons enquanto não estão lá dentro. Depois… A gente espera o melhor”, concluiu a portuguesa.

Concorrem às eleições sete candidatos: Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

 

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