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Nasceu no Porto, viveu na Suíça e na Alemanha e agora é empresária na Tanzânia

Natural do Porto, Sara Mota trabalhou durante muitos anos num banco. A dada altura, percebeu aquilo que fazia não a deixava satisfeita e decidiu arranjar outro emprego. Mudou para um escritório na área do gás natural, mas rapidamente percebeu que o problema era outro. O rumo que a sua vida tinha tomado não lhe agradava e o sentimento só se agudizou após terminar com uma relação de longa data.

“Não estava feliz em lado nenhum e decidi procurar a felicidade, precisava de um escape. Na altura, até pensei tirar um ano para ir conhecer o mundo, comecei a pesquisar e senti vontade de fazer um voluntariado”, conta a portuense de 41 anos.

“Encontrei uma ONG, sediada em Inglaterra, chamada One World Institute, que tinha programas de voluntariado com a duração de dois anos.”. Descobriu um português que foi voluntário nesta mesma organização, ouviu tudo o que tinha para lhe dizer sobre a experiência e, em 2016, arranjou coragem para se inscrever também.

“Fui para Inglaterra, cheia de medo. Tinha-me despedido e deixado tudo para trás. Arranjaram-me um emprego na Dinamarca, numa escola com miúdos com autismo, que fazia parte da primeira fase do programa”, recorda. Nove meses depois, começou a segunda parte do programa de voluntariado. Mudou-se para a Noruega e por lá ficou meio ano, a ter aulas sobre a cultura, religião e os desafios queria enfrentar no país onde iria fazer voluntariado — a Zâmbia. Durante este período, ainda arranjou tempo para viajar até à Alemanha, esteve 23 dias num campo de refugiados na Palestina e conheceu a Geórgia.

Concluída a fase dos estudos, os voluntários tinham direito a “tirarem” três meses para viajarem. Sara esteve um mês na Indonésia com outros colegas, até que decidiu aventurar-se sozinha pelo continente asiático. Esteve um mês e meio nas Filipinas e tirou um curso de mergulho, “uma experiência espetacular”.

Antes de dar início à parte prática do programa, queria aproveitar para conhecer África e viajou para o Quénia, onde se iria encontrar com a team leader — mas detestou o país. “Foi a pior experiência da minha vida, foi um choque com a realidade”, diz. Dois dias depois, partiu para a Tanzânia.

 “As pessoas eram mais simpáticas, fizemos um safari e subimos ao Monte Kilimanjaro. Queria aproveitar para visitar a costa, mas o nosso ponto de encontro era Zanzibar”, recorda. Meio contrariada, acabou por viajar para a ilha e foi “amor à primeira vista”. Duas semanas depois, quando se despediu de Zanzibar, sabia que, mais cedo ou mais tarde, iria voltar. 

Durante seis meses fez voluntariado numa escola com miúdos órfãos na Zâmbia, uma experiência que jamais esquecerá. “No final ainda tínhamos um mês e meio antes de voltarmos para a Noruega. A minha ideia era viajar por Moçambique, mas, como viajávamos em modo low cost, fomos para a Tanzânia para atravessar a fronteira de comboio. Não nos deixaram entrar devido aos conflitos internos e acabei por ficar em Zanzibar”, conta.

Sara regressou à ilha dos seus sonhos mais cedo do que esperava e, mesmo sem andar à procura, encontrou um terreno à venda mesmo em frente à praia. Na altura não tinha dinheiro nenhum, mas ainda assim conseguiu fazer um acordo com o dono. “Disse-lhe que queria muito comprar a propriedade, mas que não tinha dinheiro suficiente. Pediu-me um depósito e dei-lhe mil dólares. Disse-lhe que voltava dentro de quatro ou cinco meses. Confiei nele e ele confiou em mim.”

Arranjou trabalho na Suíça e por lá ficou até conseguir juntar o dinheiro que precisava para regressar à Tanzânia e concretizar o sonho que tinha desde miúda: ter um negócio na praia. Em conversa com um conhecido, que era professor de kitesurf, surgiu a ideia de construir no terreno que havia comprado uma escola dedicada a este desporto aquático (que se pratica com uma prancha e de uma espécie de papagaio gigante, faz uso do vento para deslizar sobre a água) — mesmo sem perceber muito do assunto.

“Em apenas 15 dias fizeram a escola exatamente como queria, tudo feito com folhas de banana”, conta. O espaço de kitesurf abriu portas a 1 de junho de 2019, mas não foi o único projeto a ser inaugurado nesta data.

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