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Mudam-se os tempos…

“Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.”

Fernando Pessoa

Ao longo da história, o povo português veio a ocupar muitos territórios no mundo, é verdade que muitas vezes pelo uso da força, infelizmente. Hoje não podemos apagar a história, mas podemos fazer algo muito bom, que é aprender dela. Podemos aprender que tanto o racismo, a desigualdade social, a intolerância religiosa, a destruição de minorias, a falta de respeito pelo livre arbítrio a que cada ser humano tem direito, a falta de respeito pela vida animal e dos ecossistemas só nos traz sofrimento e retrocesso em alcançar uma sociedade melhor. Guardemos da história da humanidade lições e coisas boas. 

O ato de cozinhar para outro, é por si só um ato de amor, é estar concentrado a combinar um determinado número de elementos, para alcançar um resultado, resultado esse que vai dar prazer a outro ser humano.

Cozinhar vai desde unir a família e amigos, partilhar a cultura de um país, ou é um assunto sério e político. Foi em grandes banquetes do passado que questões decisivas e alianças foram feitas. Se formos aos anais da história, podemos aprender que muitos atos que interpretamos hoje como alegria, na verdade surgiram de atos de desconfiança. O ato de brindar é um deles, no passado reis e rainhas brindavam como que uma demonstração pública de aliança entre os seus povos, o ato de brindar deveria ser feito com a força suficiente para que o vinho de ambos os copos saltasse de um copo para o outro, dessa forma, se uma das bebidas estivesse envenenada os dois líderes morreriam. Isso se chama uma amizade com base na desconfiança, uma paz armada dos velhos tempos, e não um ato de alegria como é interpretado hoje. 

Mas hoje não vos venho falar de vinho, mas venho vos contar a história da canja, esse caldo maravilhoso, conhecido também por sopa para doentes,  que todas as avós faziam quando os netos estavam com aquelas viroses de três dias que se apanhava no fim do outono ou inícios da primavera. 

A canja chegou a Portugal do oriente, pelos navegadores portugueses, que provavelmente uitlizaram esta receita para fins medicinais. Já na versão de Garcia da Orta, aponta a origem  para a Índia, onde Vasco da Gama aportou em 1492. Conhecida pelo nome de Kenji (Kenge), que significa caldo quente e salgado, no qual os portugueses adoptaram a galinha. Com a visita dos portugueses ao Japão, os japoneses adaptaram a receita criando o rahmen, onde trocaram o  arroz pelos noodles e a galinha por pato. Esta influência portuguesa, também se espalhou pelo Brasil e demais países lusófonos. 

Com isto, ensinem aos vossos filhos que ao comer canja não estão só comer um caldo de água e sal, estão a comer um pouco da história de Portugal. 

O meu desejo é que a questão do racismo seja ultrapassada, principalmente nos países lusófonos, porque somos todos diferentes mas unidos pela mesma língua, que é o português. Começemos a ver as diferenças como algo bonito, porque se fossemos todos iguais isto ía ser uma ganda seca! 

Afinal, que seria feito do mundo sem o Kizomba, o Kuduro e a alegria do Samba? 

Ingredientes:

1 galinha (caseira) com cerca de 1,5 Kg

1,7 l de água

5 gr de sal

100 gr de massinhas Milaneza; (pode ser letrinhas, bagos ou couscous)

Confecção:

Numa panela coloque a água com o sal e a galinha deixando aquecer lentamente e tirando a espuma que se for produzindo.

Estando cozida deite as 100 gr de massinhas que se deixa cozer por mais vinte minutos, tapando a caçarola .

Junte os miúdos da galinha e os pequenos ovos se os tiver.

Desossar e desfiar a carne da galinha finamente, e junte. 

Dévora Cortinhal

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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