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Madrid: Biblioteca José Saramago disponibiliza 500 livros em português

© Morris Villarroel

Desde o dia 8 de maio, a Biblioteca Municipal José Saramago, em Madrid — a única na capital espanhola com uma secção dedicada à literatura lusófona — passou a contar com cerca de 500 obras em português, resultado de uma segunda doação feita por Portugal.

Esta é a “primeira biblioteca pública da Comunidade [Autónoma] de Madrid especializada em língua portuguesa”, explicou a diretora do espaço, María José Casseca. A doação conta com 276 livros, ao abrigo de um protocolo assinado em outubro de 2023 entre a câmara municipal da cidade e a Embaixada de Portugal em Espanha. Tratam-se de obras transversais, não apenas ficção, que incluem livros infantis, maioritariamente de autores lusófonos de várias épocas.

“Um conteúdo que transcende Portugal” e abrange “todas as línguas portuguesas”, disse María José Casseca, acrescentando que o fundo da biblioteca em português inclui agora autores de Portugal, Brasil, Moçambique ou Cabo Verde.

A biblioteca de Madrid tem um espaço dedicado aos livros em português, a par de outro dedicado à obra de José Saramago, Nobel da Literatura de 1998.

Numa cerimónia com os embaixadores de Portugal e de Cabo Verde em Madrid e representantes de embaixadas de outros países lusófonos, a biblioteca assinalou formalmente a segunda doação de livros feita por Portugal, que duplicou o fundo anterior em língua portugesa. A cerimónia serviu também para celebrar em Madrid o Dia Mundial da Língua Portuguesa.

A responsável pela pasta da Cultura na Câmara Municipal de Madrid, Marta Rivera de la Cruz, presente na cerimónia, disse esperar que a celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa passe a ser regular e “uma referência” nesta biblioteca da capital espanhola, que tem o nome do Nobel português desde 2011.

Já o embaixador de Cabo Verde em Espanha, Eduardo Jorge Silva, abordou na cerimónia a necessidade de dar voz aos países de língua portuguesa, considerando o referido projeto relativo à literatura em português “bonito e ambicioso”. Além disso, comprometeu-se e tentar que outros países contribuam com obras.

O diplomata realçou ainda que a língua portuguesa passou de ser “a língua de Camões” para ser hoje também “a língua de muito mais pessoas”, referindo nomes de autores de todos os países da lusofonia, desde escritores consagrados internacionalmente como Jorge Amado ou Mia Couto a outros mais recentes e menos conhecidos fora dos respetivos países e do espaço da comunidade de Estados da língua portuguesa.

Eduardo Jorge Silva disse ainda que são autores contemporâneos que, em muitos casos, têm percursos “de consciencialização”, por terem ajudado “a desenvolver a língua enquanto tal”, mas também “a criar e a consolidar as nacionalidades que hoje existem”.

A língua portuguesa no espaço lusófono “não foi apenas um instrumento de comunicação, em muitos casos foi mesmo fundamento da própria nacionalidade”, referiu o diplomata, que considerou que foi isso que aconteceu em países africanos e em Timor-Leste.

“Cabo Verde é um dos poucos países africanos que tem uma nacionalidade homogénea que precede o ato da independência, em grande medida por uma literatura muito potente que se criou num território muito pequeno exclusivamente em português”, exemplificou, dizendo que no país existe também o crioulo, “mas foi a língua portuguesa que veiculou uma cultura e permitiu criar uma nação”. “Portanto, estar aqui hoje como lusófono é uma honra enorme”, afirmou.

O embaixador destacou que a língua portuguesa “ultrapassa de longe as fronteiras soberanas” de cada país lusófono, com quase 300 milhões de falantes de português no mundo, e considerou que há desafios para o futuro, que passam por dar “mais visibilidade e consistência” à divulgação do idioma.

Neste contexto, defendeu uma maior aposta na tradução de literatura lusófona para outros idiomas, relembrando que poucos autores não portugueses ou brasileiros são conhecidos fora do espaço da lusofonia, apelando assim a “mais cooperação entre os diversos países” nesta matéria.

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