Quando se atinge idade avançada já não se delicia nem se “devoram” livros.
Os que se editam, as críticas que se escrevem, as opiniões que se escutam, já não entusiasmam, como acontecia em verdes anos da juventude.
Digo por mim e amigos, que conheço ou conheci, e muitos há, que vagueiam metamorfoseados na vastidão azul do céu, em seres angélicos.
Longe vai o tempo que descobri o estranho prazer, o doce encanto de ler velhos tomos, que permaneciam encantoados na vetusta estante paterna.
Eram obras que alimentaram anos de adolescência, e contribuíram, determinantemente, na formação do carácter.
Seria injusto não asseverar, aqui, que os livros de Marden e Fulton Sheen foram fundamentais para a minha personalidade e modo de conduta.
Mas, sempre que releio os consagrados, refiro-me a clássicos, deparo com infinita alegria, saborosas expressões, passagens magníficas, que a leitura de jato, não soube perfeitamente entender.
Saboreio e delicio-me com a vernaculidade, deleitando-me com repressivas expressões do mais puro português de lei.
Nas longas tardes de lazer – que são cada vez mais raras, – mergulho no silêncio do meu quarto e releio romances e ensaios, há muito esquecidos, e sempre descubro curiosas preciosidades, que não havia reparado na apressada leitura.
Tenho o bom hábito, que considero salutar, de ler o Novo-Testamento. Já o li e reli dezenas, para não dizer, centenas, de fio a pavio, e deparo sempre, com espanto, versículos que não lhes dei o devido valor.
Disse bem o grande Fidelino de Figueiredo: ” Reler, é um dos mais salutares e fecundos encanto da vida espiritual” – “Torre de Babel” – e o Padre Manuel Bernardes é de igual parecer.
Escreveu Guiton, filosofo que admiro, em: ” O Trabalho Intelectual”:” Levado ao extremo não se deve ler senão um único livro na vida.”
Conselho que apenas deve ser seguido, quando o livro é a Bíblia, e mesmo assim…
Leia-se de tudo, e releia-se o que for útil para a vida profissional, e ajude o crescimento espiritual.
Humberto Pinho da Silva