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Leonor Antunes: Nunca aceitaria representar Portugal com um Governo de direita

A artista plástica portuguesa Leonor Antunes afirmou, em Lisboa, que nunca aceitaria representar Portugal na Bienal de Arte de Veneza deste ano se estivesse neste momento um Governo de direita a dirigir o país.

Leonor Antunes, que foi escolhida pelo curador João Ribas para criar um projeto de representação oficial portuguesa oficial na 58.ª Bienal de Arte de Veneza, falava durante uma conferência de imprensa que decorreu no Teatro Nacional de São Carlos.

“É triste ver como alguns países estão a tornar-se regimes fascistas. Portugal vive uma situação fora do normal e temos um Governo fantástico”, comentou, logo no início da sua intervenção para apresentar o projeto.

Intitulado “a seam, a surface, a hinge or a knot” (“uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó”, em tradução livre), o projeto ficará instalado no Palazzo Giustinian Lolin, onde estará instalado o Pavilhão de Portugal, com pré-abertura marcada para oito de maio.

No final da conferência de imprensa, Leonor Antunes reiterou as suas convicções políticas: “Tem a ver com a situação muito grave que estamos a viver hoje em dia”.

“Se estivesse o PSD ou o CDS no Governo, eu não aceitaria porque não são valores em que eu acredito. Eu defendo os valores da democracia, embora sejam regimes também democráticos, eu defendo os valores de esquerda”, afirmou.

Na opinião de Leonor Antunes, que reside há vários anos em Berlim, “um artista também representa um país”.

“Eu estou a representar o meu trabalho, a mim própria, mas também represento Portugal, e defendo o Governo que existe no país”, sustentou.

O projeto de Leonor Antunes resulta de uma pesquisa que tem vindo a realizar já há alguns anos, em anteriores exposições que fez em Milão e Veneza, sobre o trabalho de figuras importantes no contexto da arquitetura de Veneza, nomeadamente Carlo Scarpa, Franco Albini e Franca Helg e, mais recentemente, as arquitetas Savina Masieri e Egle Trincanato.

De acordo com o diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, a representação oficial portuguesa em Veneza, este ano, tem um custo de 500 mil euros, cerca de 200 mil pagos pelo Ministério da Cultura e o restante, precisou Leonor Antunes, proveniente das galerias de arte com as quais trabalha.

A 58.ª Exposição Internacional de Arte vai decorrer de 11 de maio a 24 de novembro deste ano, na cidade italiana, com curadoria do britânico Ralph Rugoff, diretor da Hayward Gallery, em Londres, e terá como tema “Tempos Interessantes”, reunindo 91 representações nacionais.

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