JMJ: Lisboa vai estar um caos mas organização promete reduzir impacto
O bispo Américo Aguiar admite que a capital “vai estar no caos” durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em agosto, mas promete fazer tudo para reduzir o impacto deste acontecimento único na vida dos lisboetas.
“A cidade de Lisboa vai estar no caos”, reconhece, em entrevista à agência Lusa, Américo Aguiar, o bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, antes de desfiar uma série de medidas que a organização está a preparar para “diminuir ao máximo os constrangimentos”.
Nos próximos dois meses, e até à abertura do encontro com o Papa Francisco em Lisboa, que pode mobilizar mais de um milhão de pessoas, prometeu fazer tudo para envolver, “colocar as pessoas no processo” da jornada e convencê-las que são respeitadas.
“A Jornada Mundial da Juventude em Lisboa vai criar constrangimentos a toda a gente. É um dos preços. Se eu disser o contrário, estou a mentir e eu não quero mentir”, disse o bispo, que explicou o que pretende fazer para minorar os problemas dos lisboetas.
O bispo responsável pela JMJ disse querer “convencer as pessoas” que as respeita: “Vamos fazê-las parte do assunto”, para que vivam “os constrangimentos com alguma alegria, porque são parte do assunto.”
Américo Aguiar explica, com entusiasmo, o que a organização está a preparar para minorar o tal caos. “Se nós não dissermos nada às pessoas e as pessoas no dia 01 [de agosto] forem a sair de casa e não puderem sair de casa, as pessoas vão ficar zangadas. E com razão.”
O que é preciso, afirmou, é informá-las, colocá-las “dentro do processo e elas saberem que daqui a dois meses a rua do seu bairro vai estar bloqueada, que só devem entrar e sair os moradores”.
“Não convidem a família toda para vir cá tomar chá nessa semana. Não tenham atividades que não sejam estritamente necessárias”, exemplifica, em tom de pedido.
“Nós estamos a preparar os jovens e os programas dos jovens para que eles não tenham de usar os transportes públicos em hora de ponta para não criar um suplemento de preocupação. Portanto, nós estamos a trabalhar para diminuir ao máximo os constrangimentos, mas eles serão a marca em qualquer em Jornada Mundial da Juventude”, conclui.
Há outros fatores ainda desconhecidos, como, por exemplo, o número final de jovens que se inscrevem com pedido de alojamento, cujo prazo para o fazerem só termina neste mês de junho.
Esses números, afirmou, são importantes, assim como de refeições, para se ultimarem “os procedimentos de alojamento, de mobilidade, para que tudo se encaixe da melhor forma”.
Apesar das possíveis greves, paralisações e outras formas de luta anunciadas para a primeira semana de agosto, o bispo auxiliar de Lisboa acredita que vai tudo correr bem e até diz que seria “excelente, magnífico” se alguma das reivindicações for atendida.
O prelado diz entender que, atendendo à visibilidade do acontecimento”, se anunciam formas de luta, mas diz acreditar “nos portugueses e nos trabalhadores portugueses e naquilo que significa o equilíbrio e o bom senso de todos e de cada um”.
E até relata, sem muitos pormenores, que em encontros “com alguns setores”, às vezes dizem-lhe: “Oh senhor bispo, não se preocupe que tudo vai ser feito. Agora vai haver algum ruído (…), mas não se preocupe que tudo o que tem que ser feito vai ser feito.”
“Se chegarmos ao fim da jornada e alguns possam dizer que, em razão da jornada, melhoraram também as suas condições de trabalho e remuneração, de logística, é excelente, magnífico”, conclui.
Embora a organização nunca tenha apontado para números concretos, a expectativa é que perto de 1,5 milhões de jovens participem, entre 01 e 06 de agosto, na capital portuguesa, no encontro mundial com o Papa.
As principais cerimónias religiosas da JMJ estão previstas para o Parque Eduardo VII e para o Parque Tejo (a norte do Parque das Nações), abrangendo os concelhos de Lisboa e Loures.