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Grupo de brasileiras em Portugal conta o confinamento em livro

Cerca de 200 mulheres brasileiras residentes em Portugal ajudaram mais de 230 compatriotas em situação de vulnerabilidade durante o confinamento provocado pela covid-19, relatam agora a experiência num livro, que esperam lançar até final do ano. Tudo começou por “um coletivo de mulheres brasileiras em Portugal, sem nenhuma constituição jurídica” já existente antes da pandemia, disse numa entrevista à Lusa uma das responsáveis da plataforma Geni, o grupo que gerou a rede solidária.

“Quando começou o confinamento vimos, através das redes [sociais], que a situação estava complicada para algumas mulheres (…) imigrantes brasileiras que, ou tinham chegado recentemente, e estavam em processo de regularização, ou que, nem tinham chegado assim há tão pouco tempo, até tinham emprego, mas foram despedidas “, contou Ana Paula Costa.

O grupo ajudou 232 mulheres que precisavam de ajuda, psicológica, social, na procura de emprego e até para ultrapassarem as burocracias que os serviços e entidades privadas colocavam à aplicação do despacho do governo português que permitia a regularização temporária de imigrantes em cenário de pandemia, adiantou.

Para Ana Paula Costa, o Estado português “agiu muito bem”, com o Governo a criar um despacho que deu a possibilidade das pessoas, com a manifestação de interesse entregue até dia 18 de março no SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras], se regularizarem temporariamente e terem acesso a alguns serviços.

“Nós acabamos por atender essas mulheres que não tinham nenhum tipo de apoio”, mas ainda aquelas que, “sendo abrangidas pelo despacho, não conseguiam ter acesso aos seus direitos”, porque os serviços estavam sobrecarregados e não conheciam as regras do diploma legal, ou mesmo porque as entidades privadas também não o aplicavam, relatou.

O despacho em si “foi muito bom, ajudou e resolveu a vida de muitas pessoas, e o Governo teve uma atitude (…) muito positiva”, reforçou a também investigadora do IPRI – Instituto Português das Relações Internacionais.

Passado o confinamento, o grupo de mulheres brasileiras sentiu a necessidade de relatar todas a experiência que passou.

“Estamos num processo de escrever um livro, que vamos entregar em novembro, falando de como foi todo esse processo da rede solidária, de como foi para nós e o que sentimos mais de latente durante este período”, adiantou.

Os capítulos do livro estão a ser escritos pelas psicólogas e outras pessoas que ajudaram no apoio, e só o último deles terá relatos das mulheres que participaram da rede solidária, “sendo ajudadas e oferecendo ajuda”, referiu.

As 200 mulheres que ajudaram as compatriotas em situação de vulnerabilidade já tinham grupos de Whatsapp, grupos no Facebook, sobretudo por questões relacionadas com trabalho.

“Se durante o confinamento o apoio foi mais psicológico e social, no desconfinamento os pedidos das mulheres são de apoio ao emprego”, afirmou Ana Paula Costa.

Por isso, a plataforma criou um grupo para as apoiarem a redigirem a carta de motivação e a organizarem o curriculum.

As cidades de onde a plataforma recebeu mais pedidos de apoio nesta área foram Lisboa, Porto e Braga, frisou Ana Paula Costa na entrevista à Lusa. Mas as mulheres que faziam parte do grupo de ajuda também estavam espalhadas pelo país todo, desde a Madeira ao Algarve.

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