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França recusa gasoduto ibérico

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A França rejeitou quinta-feira o gasoduto para ligar a Península Ibérica ao resto da Europa, uma proposta do chanceler alemão Olaf Scholz, que teve o apoio imediato de Teresa Ribera, a ministra da Transição Energética em Espanha, e de António Costa, em Portugal, pois permitiria valorizar a posição geopolítica ibérica, em contraponto com a situação atual de dependência das ligações com a Federação Russa, via Norte da Europa.

O chanceler alemão lançou a proposta de se avançar com gasoduto ibérico, com o fim de libertar a Europa da dependência energética de Putin, referindo que “este gasoduto iria aliviar massivamente a situação atual”, mas Agnès Pannier-Runacher, do Ministério da Transição Energética de França, argumentou que esta solução “não resolve os problemas da atual crise energética na Europa”, referindo a oposição francesa pelo “tempo de execução projeto e construção” e que a construção de um novo gasoduto “prejudicaria as metas climáticas acordadas”, segundo o El País.

Ficaram por responder as afirmações da ministra espanhola e de António Costa, de que seria possível “ter o projeto operacional em pouco mais de um ano, se a França quiser”, pois na fronteira com França (País Basco e Navarra) existem já dois gasodutos. A infraestrutura que já existe através do País Basco é a única ligação que existe agora com a França, um gasoduto duplo com capacidade para enviar cerca de 7.000 milhões de metros cúbicos por ano. A instalação de “um compressor adicional” permitiria aumentar a passagem de gás para a França entre 20% e 30%, obras que poderiam decorrer simultaneamente nos países envolvidos, razões que foram sumariamente ignoradas pelo executivo francês.

Mas António Costa não desiste e, em nome da Comissão Europeia, garantiu que a obra está a ser analisada, relembrando que a interligação entre a Península Ibérica e a Europa é “uma ambição antiga acordada pelo menos desde 2014” e que “tanto Portugal como Espanha têm insistido como é absolutamente prioritária a construção deste gasoduto”, que poderia transportar também hidrogénio Verde produzido em Portugal.

Uma outra alternativa ganha agora força em Bruxelas, com o apoio de Espanha e da Itália: um gasoduto entre Barcelona e Livorno, com um gasoduto de mais de 700 quilómetros por baixo do Mediterrâneo para abastecer a Itália, com um custo estimado de mais de 2.500 milhões de euros.

A posição francesa não é nova, pois as referidas interconexões têm-se confrontado com a sistemática oposição de França, com o argumento das “implicações ambientais”.

Segundo o executivo de Paris, a alternativa seria a construção de terminais para navios que transportem gás natural liquefeito (GNL) dos países produtores, diretamente para o Norte da Europa, com a vantagem de que os chamados terminais de GNL exigem “investimentos menores e mais rápidos”, segundo o comunicado.

De referir que estes terminais já existem e estão sobredimensionados, tanto em Portugal, no Porto de Sines, como em Espanha, nos portos de Ferrol, Bilbau, Huelva, Cartagena, Valência e Barcelona.

Os argumentos de Pannier-Runacher passam por “reduzir o consumo de gás e acelerar o desenvolvimento de energias livres de carbono”, mas ignoram a guerra geopolítica com a Federação Russa, que “ameaça deixar os países do norte da europa às escuras”, sujeitos aos “racionamentos energéticos” que já se fazem sentir mesmo em França, e com implicações significativas na “competitividade da indústria e comércio” dos países mais afetados.

O comunicado refere que o objetivo do governo Francês “é prescindir dos combustíveis fósseis até 2050″, segundo o El País.

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