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Fotografias de Paulo Nozolino expostas em galeria parisiense

A galeria Les Filles du Calvaire, em Paris, abre este sábado ao público uma exposição do fotógrafo português Paulo Nozolino, que fica patente até 21 de abril.

A mostra “Loaded Shine”, que já tinha sido apresentada no ano passado no festival internacional de fotografia e artes visuais PhotoEspaña, em Madrid, é composta por uma série de 20 imagens que “sintetizam, com força, a escrita de um trabalho fotográfico realizado há mais de 40 anos pelo artista”, de acordo com a galeria.

No comunicado de imprensa, em que Paulo Nozolino é apresentado como “uma das maiores figuras da fotografia portuguesa e europeia”, é explicado que as imagens da exposição foram realizadas entre 2008 e 2013, em Nova Iorque, Lisboa, Paris, Berlim, e nas zonas rurais francesas e portuguesas.

“Todas [as imagens] descrevem verticalmente uma sequência de objetos, sem índices de lugar ou de tempo. Nozolino optou por esta verticalidade rigorosa há quase 20 anos, reduzindo sempre o seu campo de visão à busca do essencial”, explica o documento.

Em declarações à Lusa, o diretor da galeria, Stephane Magnan, indicou que mostrar Paulo Nozolino “é uma evidência” e que, “após anos de contactos informais”, passou um dia com ele no seu ateliê de Lisboa e foi decisivo devido “à emoção sentida ao folhear toda a sua obra com uma generosidade total”, algo descrito como “um grande momento da [sua] aventura com os artistas”.

“Gostei da autenticidade das confidências e da radicalidade do Paulo. A sua visão do mundo sem concessões, negra mas luminosa, lúcida mas aberta, o seu compromisso em mostrar a possibilidade de um mundo – apesar ou antes – graças à perda, à ruína, tocaram-me profundamente e fizeram-me sentir a que ponto eu partilhava os seus valores”, afirmou.

O comunicado de imprensa da exposição acrescenta que “o fotógrafo cultiva uma escrita singular a preto e branco, uma densidade sombria indissociável à sua obra” e precisa que “se a luz está presente, o seu único interesse é mostrar a penumbra”.

“Atrás destes objetos esquecidos, trata-se do desaparecimento, mas também a recusa do grandioso, a apologia do quotidiano, do banal e do pobre. Uma mesma luz ilumina, sem distinção, a cruz e os cascos de um animal morto. O sublime e o sagrado parecem, então, de uma surpreendente simplicidade, basta olhar”, conclui o comunicado.

Nascido em Lisboa, em 1955, Paulo Nozolino vive e trabalha entre a capital portuguesa e Paris.

O artista viveu e estudou em Londres, nos anos 1970 e, no final dos anos 1980, foi para Paris, cidade que se tornou a sua base até ao final da década de 1990, enquanto realizou uma série de viagens no mundo árabe e pela Europa.

Regressou a Portugal em 2002, depois de Paris lhe ter dedicado uma exposição antológica – intitulada “Nada” -, na Maison Européenne de la Photographie.

Em 2005, o Museu de Serralves, no Porto, apresentou outra antológica – “Far Cry” -, expondo pela primeira vez o trajeto de um fotógrafo português cujo trabalho é muitas vezes inspirado nos temas da morte, da destruição e ruína no mundo.

Em novembro de 2015, Paulo Nozolino participou na 19.ª mostra internacional Paris Photo com uma nova exposição intitulada “J’étais là”, que foi apresentada no Espaço Leica.

O artista português também está representado, desde 22 de fevereiro e até 22 de abril, na exposição coletiva “Eyes Wild Open”, no centro cultural Le Botanique, em Bruxelas, na Bélgica.

Nozolino recebeu o Prémio Villa Médicis (1994), em França, o Grande Prémio Nacional de Fotografia (2006), pelo conjunto da obra, e o Prémio Sociedade Portuguesa de Autores (2013), entre outras distinções.

A exposição “Loaded Shine” tem o apoio do Centro Cultural Camões de Paris.

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