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Exposição no Porto mostra a história do cinema português

Um cartaz original, salvo do lixo, do filme “O pai tirano”, de 1941, integra as quase 300 peças da exposição “Os anos d’ouro do cinema português”, que vai estar patente no Porto até setembro.

Da autoria de Paulo Borges, a exposição abrange as décadas de 1930 a 1960 e nela poderão ser encontrados fotografias, cartazes, artigos de jornais e de revistas, partituras e postais de todos os filmes então produzidos pelo cinema português.

A mostra, que decorre nas instalações da Openline Portugal, resulta de trinta anos de recolha das mais variadas peças e remonta aos primórdios do cinema em Portugal.

Por falta de espaço, não puderam ser exibidas todas as peças da coleção de Paulo Borges, que possui um acervo na ordem dos milhares de exemplares que abrange, por exemplo, os programas dos filmes “Primo Basílio”, de 1918, e “Zé do telhado”, de 1917, estes ainda na era do cinema mudo.

“É uma exposição que pretende puxar pela memória das pessoas”, afirmou à Agência Lusa Paulo Borges, que com esta mostra pretende mostrar “à maior parte do público que não imagina o esforço que era preciso para fazer estes filmes, a qualidade do que então se fazia”.

“Muitos deles foram produzidos em estúdios improvisados”, lembra o colecionador, que começou aos 14 anos a recolher recortes de jornais dos filmes que via na televisão com a sua avó, Emília Lopes, a inspiradora da que, segundo Paulo Borges, “é a maior exposição do género jamais feita em Portugal”.

Dessa paixão pelo cinema nasceu a pesquisa e desta os contactos que lhe foram fazendo chegar esta ou aquela peça, como foi o caso do cartaz da estreia de “O pai tirano”.

“Estava num cinema de Vila do Conde ou da Póvoa de Varzim entretanto demolido e ia a caminho do lixo”, contou. Adquirido por 250 euros, é hoje uma das peças mais valiosas da exposição.

Na mostra, diariamente aberta ao público entre as 9h00 e o meio-dia e as 14 e as 18h30, e aos sábados, com marcação, podem ainda ser vistos cartazes da estreia dos filmes “Aniki bobó”, em Espanha, do “Sol e touros”, no México (1949), ou do “Rainha Santa”, em Itália (1947).

“A Severa”, primeiro filme sonoro em Portugal, de 1931, tem também o seu cartaz, numa coleção que relembra filmes “perdidos e outros irrecuperáveis” do cinema português.

Alfarrabistas, antiquários, familiares de antigos atores e de realizadores e a Cinemateca Portuguesa foram os “fornecedores” de algumas das peças expostas e onde se inclui um painel com as caras dos grandes atores portuguesas da época, que “viam as estreias dos filmes em que participam amplamente divulgados na imprensa, pese embora a forte crítica que imperava na altura”, conta Paulo Borges.

Para preparar a exposição e o manuseamento de alguns dos artigos quase centenários, Paulo Borges submeteu-se a uma espécie de “curso intensivo” no Arquivo Distrital do Porto, para evitar não deteriorar a sua valiosa e extensa coleção.

A exposição – que até pode vir a dar origem a um livro, segundo o colecionador – vai estar patente até setembro no Porto, após o que deverá rumar a Lisboa para depois, assim estejam reunidas as condições, atravessar o Oceano Atlântico para ser vista em São Paulo.

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