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Europa e Canadá passam a ter fronteira terrestre

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Ilha de Hans, no Ártico, será dividida ao meio. Nasce a primeira fronteira terrestre entre o Canadá e a Dinamarca.

Canadá e a Dinamarca puseram fim, esta terça-feira, a uma “guerra” de décadas, travada com bandeiras, uísque e aguardente, para reivindicar a posse de uma ilha desabitada do Ártico, noticia a agência AFP.

Os dois países anunciaram formalmente um acordo para partilhar a ilha de Hans, ao largo da costa noroeste da Gronelândia, criando a primeira fronteira terrestre entre o Canadá e a Europa. A cerimónia realizou-se na cidade canadiana de Otava, com a presença dos ministros dos Negócios Estrangeiros canadiano e dinamarquês.

Num impasse pacífico de 49 anos, este conflito terá fim com a divisão em duas partes desta ilha, em forma de rim. O acordo torna-se exemplo para a resolução de disputas territoriais em todo o mundo. “O Ártico serve de farol para a cooperação internacional, nos casos em que prevalece o Estado de Direito. Numa altura em que a segurança global está ameaçada, nunca foi tão importante para democracias como o Canadá e a Dinamarca trabalharem em conjunto para resolver as nossas diferenças”, afirmou a ministra canadiana dos Negócios Estrangeiros, Mélanie Joly, à AFP.

Já o seu homólogo dinamarquês, Jeppe Kofod, realçou que a resolução do conflito ocorre numa altura em que a “ordem internacional baseada no Direito está sobre pressão e os valores democráticos estão sob ataque”, numa alusão à guerra na Ucrânia. “Em contrapartida, demonstramos como as disputas de longa data podem ser resolvidas pacificamente, seguindo as regras.” O ministro espera “inspirar outros países a seguir o mesmo caminho”.

A ilha de Hans, com uma área de 1,3 quilómetros quadrados, está localizada entre a ilha Ellesmere, no norte do Canadá, e a Gronelândia, território dinamarquês. Coberta de neve, é inabitável, mas os efeitos das alterações climáticas trazem cada vez mais tráfego marítimo para o Ártico, abrindo-o a uma maior exploração dos seus recursos, nomeadamente para a pesca.

O diferendo pela pose da ilha remonta a 1973, altura em que foi estabelecida uma fronteira marítima entre o Canadá e a Dinamarca. Os dois países revezavam-se a voar para a ilha para reivindicar a sua pose, através de protestos diplomáticos, campanhas digitais até apelos para que o Canadá boicotasse os pastéis dinamarqueses. Durante estas visitas, cada país cravava a sua bandeira e deixava uma garrafa de uísque ou de aguardente destinada à outra parte.

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