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EUA: portugueses apoiam regresso de Valadão ao congresso

Depois de uma derrota surpreendente em 2018, que tirou o republicano lusodescendente David Valadão do congresso norte-americano, a comunidade de origem portuguesa acredita que o candidato vai reconquistar a posição a 03 de novembro.

“Estão confiantes de que vão conseguir recuperar esse lugar, há muito dinheiro a chegar de fora do distrito para essa eleição, tanto ao nível nacional como local, para os dois lados”, explicou à Lusa Dennis Mederos, vice-‘mayor’ da cidade de Tulare e membro ativo da comunidade portuguesa.

“Antecipo que vai ser uma eleição muito renhida”, afirmou. “Ele vem de uma família de agricultores e sempre que há representação de agricultores, além do facto de ser português, isso é bom para a comunidade”, considerou.

“Tem um histórico de conseguir trabalhar com os dois lados, tanto republicanos como democratas”, acrescentou.

David Valadão vai tentar reconquistar o seu assento na Câmara dos Representantes pelo 21.º distrito da Califórnia, uma zona do vale de São Joaquim que engloba partes do condado de Kings, Fresno, Kern e Tulare.

“É um distrito baseado na agricultura e o David conhece a indústria e as indústrias relacionadas”, disse à Lusa Richard Machado, contrapondo o histórico do político republicano com o de TJ Cox, o democrata que foi eleito há dois anos numa reviravolta surpreendente.

Richard Machado, um nativo dos Açores que emigrou para os Estados Unidos com a família em criança, assumiu-se como “um grande apoiante” do candidato republicano.

“Ele é um verdadeiro membro do distrito e conhece-o”, descreveu Machado, que é agricultor e presidente da empresa de ‘software’ agrícola Agrian.

“Além disso, é um ser humano decente e penso que tem uma preocupação verdadeira com os eleitores”, defendeu.

Em 2018, David Valadão foi dado como vencedor na noite eleitoral, mas o oponente acabou por vencer por uma margem curta (50,2% contra 49,8%), depois de contabilizados todos os votos por correspondência, mais de três semanas após a eleição.

“Penso que os democratas ao nível nacional estavam surpreendidos por haver um republicano, Valadão, a ganhar um distrito democrata. Puseram muito dinheiro nessa corrida e trouxeram Cox para a vencer”, disse Richard Machado.

O luso-americano considerou o desfecho da corrida dúbio, colocando em causa a legitimidade dos votos postais que determinaram o vencedor, e enquadrou a eleição no contexto da onda azul que virou a Câmara dos Representantes para o controlo dos democratas.

“Esteve associada com uma tomada ao poder de nível nacional, mas do ponto de vista da representação no distrito não podia haver uma pessoa melhor que o David”, afirmou. “É honesto, tem uma preocupação pelas pessoas, aquela paixão portuguesa pelas pessoas e fazer o que está certo”, acrescentou.

O responsável, que tem contribuído financeiramente para várias campanhas de candidatos republicanos, disse que o cenário é positivo e a expectativa é de que Valadão reconquiste o assento.

De acordo com as previsões da plataforma FiveThirtyEight, esta é uma das poucas corridas na Califórnia que não tem um claro favorito. O modelo estatístico atribui 50,5% dos votos a TJ Cox e 49,5% a David Valadão, uma margem demasiado curta para indicar um favorito.

Se depender de Tom e Felomena Barcellos, donos da Barcellos Farms, o luso-americano regressará ao congresso. Na sua propriedade, além dos cartazes a favor de Donald Trump e Devin Nunes – o republicano que representa o 22.º distrito – há uma tabuleta de apoio a David Valadão. Está virada para uma imagem da Virgem Maria, para o ajudar a vencer a eleição.

“Ele é genuíno”, garantiu Tom Barcelos, reconhecendo: “É um bom amigo meu”.

A assistente social Rosemary Serpa-Caso, que pelo seu trabalho tem contacto direto com os congressistas que representam os distritos do vale, descreveu-o como tendo conhecimento sobre os problemas. “Sempre foi bom a saber do que os eleitores precisam”, afirmou.

Se David Valadão reconquistar o 21.º distrito, a Califórnia voltará a ter três representantes lusodescendentes, com o republicano Devin Nunes no 22.º distrito e o democrata Jim Costa no 16.º distrito a serem favoritos claros nas respetivas corridas.

A região tem uma grande comunidade de origem portuguesa, maioritariamente com raízes nos Açores e ligada à indústria agrícola.

“Há sempre um sentimento de orgulho quando temos políticos luso-americanos a contribuírem de forma significativa para as comunidades”, disse Dennis Mederos.

“A cidade de Tulare é irmã de Angra do Heroísmo. É muito importante manter esse relacionamento e reconhecer o facto de que a comunidade portuguesa no vale de São Joaquim tem uma afinidade com os Açores e com o continente”, acentuou.

 

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