
Imagine o cenário: Elon Musk, o magnata mais excêntrico do planeta, que oscila entre transformar Marte na sua segunda casa e fabricar carros que conduzem sozinhos, decide que o futuro dos seus negócios passa por um castelo. Não qualquer castelo, mas uma fortaleza histórica, capaz de abrigar o seu espírito visionário enquanto contempla os dados da Tesla e SpaceX. Parece ficção, mas não é. Há poucos meses, Piotr Bujak, presidente da Câmara Municipal de Głogówek, na Polónia, ofereceu ao bilionário o castelo da sua localidade.
Esta proposta, que mistura humor com uma estratégia de marketing municipal arrojada, levanta uma questão intrigante: e se fosse em Portugal? Que castelo seria digno de acolher o “príncipe dos negócios” e, sobretudo, como reagiria um autarca português ao tentar atrair o bilionário para o seu concelho? Vamos explorar.
A proposta polaca: uma estratégia genial
Antes de mergulharmos em território luso, vale a pena analisar a proposta de Bujak. O castelo em questão, situado em Głogówek, remonta ao século XIII. Apesar da sua história rica, encontra-se em ruínas. Para a pequena localidade polaca, esta foi uma oportunidade perfeita para atrair atenção mediática e, quem sabe, investimento. Afinal, Musk já demonstrou interesse em projetos excêntricos – como construir fábricas em tempo recorde ou lançar um Tesla Roadster para o espaço.
Ao oferecer o castelo, Bujak não apenas promoveu o município, mas também apostou na curiosidade do bilionário, sempre em busca de novos desafios e territórios inexplorados. Mas será que Portugal teria algo a oferecer à altura?
Um castelo português para Elon Musk
Portugal é rico em castelos e histórias. Desde fortalezas mouriscas a palácios medievais, o país tem um catálogo invejável de imóveis históricos. Mas qual seria o eleito? Aqui, entra a criatividade dos nossos autarcas. Vamos criar um cenário fictício, mas plausível: o presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, uma pequena localidade no distrito de Coimbra, decide oferecer o seu icónico castelo a Musk.
O Castelo de Montemor-o-Velho é uma construção imponente, com vistas deslumbrantes sobre os arrozais do Baixo Mondego. Este castelo, com origens no século IX, foi palco de batalhas históricas e lendas. Apesar de ser um monumento nacional, a sua manutenção é um desafio constante. Um bilionário como Musk poderia transformá-lo num centro de inovação tecnológica, com laboratórios de pesquisa, espaços para startups e até um observatório para admirar o cosmos – afinal, estamos a falar de alguém obcecado com o espaço.
Quanto custaria a brincadeira?
Aqui começa a matemática. Em 2022, a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho investiu cerca de 200 mil euros na preservação do castelo. No entanto, para uma reabilitação completa, os custos poderiam ultrapassar os 5 milhões de euros – e isso sem contar com a modernização necessária para transformá-lo num hub tecnológico.
Mas será que Elon Musk acharia o preço elevado? Provavelmente não. O bilionário gastou mais de 44 mil milhões de dólares na compra do Twitter (hoje conhecido como X) e investe centenas de milhões em projetos de energia renovável. Para ele, um castelo português seria uma pechincha.
Um cenário possível?
Embora a ideia de oferecer um castelo a Musk possa parecer absurda, há precedentes históricos que tornam o cenário menos improvável. Nos últimos anos, várias autarquias europeias têm implementado estratégias criativas para atrair investidores. Na Itália, algumas localidades oferecem casas abandonadas por um euro. Em Portugal, municípios como Pedrógão Grande ou Idanha-a-Nova oferecem incentivos fiscais e apoios financeiros para quem decidir estabelecer negócios na região.
Se um autarca português tivesse a ousadia de propor a Musk algo semelhante, poderia capitalizar a atenção mediática e, quem sabe, abrir portas para novos investimentos. Além disso, o magnata já demonstrou interesse em Portugal. Em 2022, partilhou no Twitter a sua apreciação pelo clima e pela hospitalidade do país.
Musk: magnata ou príncipe?
A ideia de Elon Musk se tornar “príncipe” de Montemor-o-Velho – ou de outro castelo português – pode parecer uma rábula humorística, mas reflete algo mais profundo: a capacidade de reinventar o potencial dos nossos patrimónios históricos. Em vez de ruínas, poderiam tornar-se motores de inovação, turismo e desenvolvimento regional.
Claro que tudo isto depende de Musk, mas, se um presidente de Câmara tiver coragem suficiente, o convite poderá ser feito. E quem sabe? Talvez o futuro de Portugal passe por um castelo iluminado por painéis solares, drones voadores e um Elon Musk a coordenar o próximo grande salto da humanidade.
A história que fica
No final, mesmo que a proposta de oferecer um castelo a Musk nunca se concretize, fica o exemplo da criatividade polaca. Piotr Bujak transformou Głogówek numa manchete global com uma ideia tão simples quanto visionária. Portugal, com a sua riqueza histórica, pode e deve pensar em formas igualmente inovadoras de atrair atenção internacional. Se isso significa transformar Elon Musk num “príncipe português”, que assim seja. Afinal, o que temos a perder?
António Ricardo Miranda