
A polarização nas nossas sociedades é hoje, infelizmente, uma evidência. O discurso político está radicalizado, transmitindo para o exterior uma perceção do “ou nós ou eles”. E isto é terrível, porque torna impossível o diálogo e a criação de consensos e impossibilita que se aceitem outras ideias. No limite, isto leva a uma forma de guerra civil nas nossas sociedades, com tensão permanente e até mesmo agressões. Os exemplos da Eslováquia, de Portugal e da Alemanha, apenas três entre muitos outros possíveis, são bem ilustrativos.
A tentativa de assassinato do primeiro-ministro da Eslováquia, um país da União Europeia, causou um grande sobressalto, tendo uma jornalista afirmado que “um único homem atacou toda a democracia na Eslováquia”. Robert Fico é conhecido pelo seu estilo confrontacional e por polarizar o país, que vive num clima de acusações e ofensas mútuas entre responsáveis políticos e limitações à liberdade de imprensa.
Em Portugal, o Chega transformou o Parlamento num foco permanente de conflito e de provocações, criando um ambiente irrespirável, com uma quebra permanente das regras da convivência política, o que tem conduzido a uma degradação da imagem da democracia. O aparecimento do Chega abriu a caixa de Pandora, de onde se têm libertado movimentos ainda mais radicais que despudoradamente se passeiam pelas ruas em atos de provocação, gerando medo, com cercos a partidos e agressões a pessoas, como aconteceu recentemente frente à sede do BE, o que não pode deixar indiferentes os poderes públicos.
Na Alemanha, a situação é também muito preocupante. Um país que viveu os horrores do nazismo tem hoje, por via da influência de um partido da extrema-direita, a AfD, muitos grupos e pessoas que não têm vergonha de se considerar admiradores dessa ideologia totalitária e assassina. Vários candidatos do SPD e dos Verdes ao Parlamento Europeu foram atacados por extremistas, o que é mais um dos péssimos sinais de uma Europa e de um Mundo cada vez mais desumanizado e com desprezo pelos princípios da democracia, liberdades e respeito pelos outros.
É preciso travar este monstro que está a crescer de forma descontrolada e fazê-lo já para as eleições para o Parlamento Europeu, visto que as sondagens dão os partidos extremistas a crescer muito, o que, se acontecer, porá em causa o projeto de paz, liberdade e desenvolvimento que é a União Europeia, fragilizando-a e deixando-a à mercê de rivais e inimigos.