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E agora, senhor presidente Macron?

A decisão de Emanuel Macron de convocar eleições legislativas antecipadas foi muito arriscada e quase mandou o pais para as mãos da extrema-direita, o que seria um pesadelo para a França e para a União Europeia. A extrema-direita não passou, mas o impasse instalou-se e só será ultrapassado se os partidos tiverem bom-senso e humildade, agora num quadro partidário ainda mais fragmentado.

Depois de ter esvaziado completamente o centro político em França, Macron quer recuperar o centro com os socialistas e os verdes, porque já percebeu que, se assim não for, o país será ingovernável, entregue aos extremos, corporizados na União Nacional e na França Insubmissa.

Felizmente que o sistema político voltou a demonstrar a sua capacidade para travar os perigos para a democracia. A mobilização na segunda volta das legislativas, não apenas consagrou como grande vencedora a Esquerda na sua pluralidade, como causou um gigantesco revés à extrema-direita francesa e europeia, que já imaginava Jordan Bardella primeiro-ministro e Marine Le Pen presidente, em 2027.

Entre os fatores que pesaram na denotada extrema-direita devem assinalar-se a perturbação para as relações com a União Europeia e, acima de tudo, a enorme inquietação gerada com as propostas para limitar o acesso dos binacionais a determinados cargos na administração, que criaria uma sociedade assumidamente segregacionista. Basta pensar que em França existem cerca de três milhões e meio de binacionais, entre os quais centenas de milhares de portugueses.

É preciso que ninguém se deixe enganar. A extrema-direita tem vindo a fazer um grande esforço de normalização para não meter medo aos eleitores e ser aceite.

Mas o seu ADN nacionalista, autoritário, antieuropeu, xenófobo, contra os migrantes e as minorias está lá. Como está a sua ligação à Rússia dePutin, que gostaria dever a União Europeia desmoronar-se.

Mas a verdade é que não passaram. A barragem da “frente republicana” provou, mais uma vez, a sua eficácia na defesa dos valores da República. Esperemos agora que os partidos se entendam sobre o primeiro-ministro e sobre o programa de Governo para garantir uma estabilidade que não facilite à extrema-direita o caminho para as eleições presidenciais de 2027.

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