Discriminação dos emigrantes portugueses continua em 2024
A discriminação dos imigrantes portugueses que retornam ao país para matar saudades é uma realidade preocupante ainda em 2024.
Muitos destes emigrantes, que vivem fora de Portugal, enfrentam atitudes preconceituosas e xenófobas por parte de alguns residentes no país. Apesar de serem igualmente portugueses, a sua condição de “emigrantes” muitas vezes faz com que sejam tratados como estranhos na sua própria terra.
Essas atitudes discriminatórias podem manifestar-se de várias formas, desde comentários desdenhosos sobre o sotaque ou hábitos adquiridos no estrangeiro, até a uma certa hostilidade velada que se traduz em desprezo ou indiferença. Esse comportamento é ainda mais contraditório se considerarmos que esses emigrantes, além de manterem laços afetivos com o país, também contribuem significativamente para a economia nacional, enviando remessas para as suas famílias e investindo em propriedades e negócios em Portugal.
O preconceito entre portugueses, que partilham a mesma cultura e identidade, pode ser considerado uma forma de racismo ou xenofobia interna, e reflete uma falta de compreensão e valorização das experiências e sacrifícios que os emigrantes enfrentam para melhorar a sua vida e a dos seus familiares.
Hoje, como português residente no estrangeiro, sinto-me compelido a denunciar a atitude discriminatória que alguns portugueses em Portugal, por vezes, têm em relação a nós, os emigrantes.
Os emigrantes portugueses têm sido uma força vital para a economia nacional. As remessas enviadas regularmente para Portugal ajudaram inúmeras famílias e foram essenciais para o desenvolvimento de muitas regiões do país. Além do apoio financeiro, os emigrantes trouxeram também novas ideias, culturas e práticas, enriquecendo a sociedade portuguesa.
Infelizmente, apesar deste contributo inegável, muitos emigrantes sentem-se discriminados quando regressam a Portugal no verão.
Esta discriminação pode manifestar-se de várias formas. Há quem veja os emigrantes como “menos portugueses” ou desinformados sobre a realidade atual do país. O sacrifício e as dificuldades enfrentadas pelos emigrantes são frequentemente ignorados ou minimizados.
É crucial que a sociedade portuguesa reconheça e valorize o papel dos portugueses a residir fora de Portugal .
A discriminação não só é injusta!
O futuro de Portugal passa por uma visão inclusiva, onde todos, independentemente de onde residem, são valorizados e respeitados.Para combater esta discriminação, algumas ações concretas: promover campanhas de sensibilização que expliquem a importância histórica e económica da emigração e organizar eventos e celebrações em Portugal que valorizem a cultura e as conquistas dos emigrantes portugueses.
Como português residente fora de Portugal desde 1970 exijo respeito e reconhecimento por todos aqueles que, como eu, tiveram que deixar o país. Somos parte integrante da nação portuguesa e merecemos ser tratados com a dignidade e o respeito que qualquer cidadão merece.
Denunciar esta discriminação é um passo necessário para construir um Portugal mais justo e inclusivo para todos os seus filhos, independentemente de onde vivem.
A discriminação contra os emigrantes é uma realidade que precisa ser enfrentada com urgência. A união e a solidariedade entre todos os portugueses são essenciais para um futuro próspero e inclusivo. Que este apelo sirva como um despertar para a necessidade de mudança e de um maior reconhecimento do valor dos portugueses residentes no estrangeiro… todos portugueses!
Luís Gonçalves