
De Janeiro, Abril, Agosto e até o mês de Dezembro
Cantem palavras nobres, e refreiem qualquer gana
Cantem amigos e aqueles que nem me lembro
Cantem palavras dóceis e refreiem as de cernelha.
Cantem poetas, mas não cantem ódio nem tretas
Utopias, revoltas, bajulação ou qualquer outro feito
Cantem palavras genuínas e brancas e guardem as pretas
As rancorosas, as fingidas, mas cantem e abram peito!
Que os poetas brinquem como crianças no carrossel
Mas sempre com os pés assentes na terra
Vistam casacos aba de grilo, ou mesmo um fino borel
Vivam vocês na cidade, em Vilas ou vivam na serra.
Cantem alto e também cuidem de vossos amigos
Meneiem a cabeça e girem como um pião
Mas não percam a cabeça se até sentirem arrepios
Ao lerem coisas diferentes da vossa opinião!
Rifem os corações dúbios e talvez enganadores
Cantem palavras concretas e auto digestivas
Mas não cantem, nem morram por falsos amores
Mas cantem e escrevam sempre para estarem vivos!
José Valgode