De que está à procura ?

Portugal

Crise no governo português: o estranho dia da ordem e da contra-ordem

© Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que não aceita o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas.

“Trata-se de um gesto nobre que eu respeito, mas que em consciência não posso aceitar”, declarou António Costa aos jornalistas, na residência oficial de São Bento, em Lisboa, após ter estado reunido com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém. Entretanto o presidente já lamentou a decisão de Costa.

O primeiro-ministro referiu-se ao pedido de demissão de João Galamba das funções de ministro das Infraestruturas, dizendo que este lhe dirigiu uma carta, que foi divulgada ao início da noite.

“Tenho consciência que a demissão do ministro das Infraestruturas tem sido insistentemente reclamada creio que pela unanimidade de todos os comentadores e pela generalidade dos agentes políticos”, observou.

António Costa considerou depois que a João Galamba não é “imputável pessoalmente qualquer falha” e disse que mantê-lo como ministro é uma decisão pela qual se “responsabiliza integralmente” como primeiro-ministro, tomada provavelmente contra a opinião da maioria dos portugueses e certamente contra os comentadores.

“Nem sempre é fácil tomar decisões. Seria seguramente muito mais fácil seguir a opinião unânime dos comentadores, seria seguramente mais fácil aceitar este pedido de demissão, seria seguramente mais fácil ouvir o que a generalidade dos agentes políticos tem dito. Mas entre a facilidade e a minha consciência, lamento desiludir aqueles que vou desiludir, mas dou primazia à minha consciência”, justificou.

O primeiro-ministro manifestou-se convicto de que, “tal como, para surpresa de muitos”, João Galamba “se revelou um excelente secretário de Estado da Energia, o tempo também o permitirá revelar um excelente ministro das Infraestruturas”.

“Se assim não for, a responsabilidade, naturalmente, é minha, porque é a mim que me cabe propor a nomeação e exoneração dos membros do Governo, e pelos seus atos e omissões sou eu que respondo”, afirmou.

Logo na sua declaração inicial, António Costa assumiu que no Ministério das Infraestruturas houve “um deplorável incidente” e, em nome do Governo, apresentou “desculpas aos portugueses”.

“Trata-se de um incidente de natureza excecional, mas que fere o dever do Governo de contribuir para o prestígio e credibilidade das instituições”, disse, antes de ilibar em todos os incidentes o ministro João Galamba, responsabilizando, em contrapartida, o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro.

“O facto de um colaborador demitido procurar roubar um computador de serviço e agredir as pessoas que tentaram impedir é obviamente um facto a todos os títulos deplorável. Mas não possa imputar esse facto ao ministro, porque tomou a demissão de demitir numa circunstância em que entendeu que esse seu colaborador tinha omitido informação que era solicitada pela comissão parlamentar de inquérito”, alegou o líder do executivo.

Pelo contrário, segundo António Costa, João Galamba cometeria “uma falta grave caso se soubesse que tinha ocultado à comissão parlamentar de inquérito informação que dispunha e que não a entregava”.

“O ministro quando soube que era ocultada essa informação demitiu a pessoa que a ocultava e facultou essa informação à comissão parlamentar de inquérito” sobre a gestão da TAP, acrescentou.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA