Autoeuropa retoma a produção, mas não na totalidade
Os trabalhadores da Autoeuropa regressaram esta segunda-feira ao trabalho depois de uma paragem de produção forçada de quatro semanas devido à falta de peças, mas para já vão trabalhar apenas de segunda a quinta-feira.
“O que se sabe é que vamos voltar [ao trabalho] de uma forma gradual”, de segunda a quarta-feira, a três turnos, a que acresce o turno da noite de quinta-feira, disse hoje à agência Lusa o coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, Rogério Nogueira.
“À data da passada sexta-feira, a informação que havia é que iríamos laborar assim até, sensivelmente, ao fim do mês”, acrescentou o representante dos trabalhadores, lembrando que a retoma de produção, que inicialmente estava prevista para dia 12 de novembro, foi antecipada em cerca de “um mês e meio”.
A fábrica da Volkswagen foi obrigada a suspender temporariamente a produção do T-ROC, único veículo produzido na fábrica de automóveis de Palmela, no distrito de Setúbal, devido à falta de uma peça produzida numa fábrica da Eslovénia, que foi fortemente afetada pelas cheias que ocorreram naquele país no passado mês de agosto.
De acordo com o coordenador da CT da Autoeuropa, todos os trabalhadores, incluindo 100 trabalhadores temporários, vão regressar ao trabalho de imediato, mas vão trabalhar menos turnos do que é habitual, segundo o esquema de produção anunciado, de segunda a quinta-feira.
Nas empresas do Parque Industrial da Autoeuropa, algumas com grande parte da produção dependente da fábrica da Volkswagen, o cenário é um pouco diferente, dado que nem todos os trabalhadores vão regressar de imediato ao trabalho, como refere Daniel Bernardino, da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores de empresas do Parque Industrial da Autoeuropa.
“As empresas do Parque Industrial estão dependentes da produção da Autoeuropa. Vamos regressar gradualmente, mas há trabalhadores que se vão manter em `lay-off´, porque as equipas vão ser reduzidas. E há trabalhadores que ainda não vão ser chamados porque não são necessários. E, se aqueles que são do quadro não vão regressar todos, infelizmente, os temporários (325 trabalhadores) vão demorar ainda mais tempo a regressar. Vão pagar a `fava´, porque só vão regressar mais tarde”, acrescentou.
Apesar das dificuldades verificadas na Autoeuropa, as Comissões de Trabalhadores reconhecem o esforço do grupo Volkswagen na procura de outros fornecedores, o que permitiu assegurar o fornecimento da peça em falta junto de uma empresa de Espanha e outra da China, e antecipar em mês e meio o regresso ao trabalho, face ao que estava previsto.
“Temos de dar os parabéns a quem trabalhou para que isto acontecesse, porque os trabalhadores precisam é de trabalhar – e não de estar em casa – porque a situação está difícil. O contexto em que vivemos está difícil e qualquer perda de rendimento, mesmo que seja através de “lay-off”, é sempre uma situação muito complicada”, lembrou o representante da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa.