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As vertigens do leão

E eis que de repente o Sporting perde quatro pontos numa semana e o campeonato fica relançado. A oito jornadas do fim do campeonato os ‘leões’ têm seis pontos de vantagem sobre o Porto e nove sobre o Benfica. Sporting e Porto já não se cruzam até ao fim do campeonato, mas ambos ainda medem forças com os ‘encarnados’. Os verde e brancos têm ainda de contar com uma difícil deslocação a Braga.

Rubén Amorim foi uma lufada de ar fresco no Sporting e no futebol português em geral. A uma comunicação desempoeirada juntou a aposta na juventude e uma qualidade tática que promete marcar um antes e um depois no futebol nacional.

O treinador português já lançou oito jovens desde que chegou ao cargo. Dário Esugo foi o mais jovem de sempre a jogar na liga portuguesa, a par de Joelson são os únicos casos em que o clube só no futuro poderá avaliar a pertinência do lançamento destes jovens. Todos os outros (Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Matheus Nunes, Daniel Bragança, Nuno Mendes e Tiago Tomás) têm sido peças importantes do xadrez leonino. Pode-se dizer que em menos de época e meia o técnico procedeu a uma reconstrução do plantel que foi maioritariamente alicerçada na ‘prata da casa’, o que deve servir de lição a outros clubes portugueses.

Taticamente a equipa apresenta um futebol evoluído, assente numa defesa a três, com os laterais a darem profundidade para que os atacantes que partem da ala invadam o centro da defesa adversária, com ou sem bola, confundindo marcações e combinando com o avançado. Pedro Gonçalves beneficiou do espaço criado por estas movimentações coletivas, ainda pouco vistas no campeonato português, para aparecer na zona finalização desmarcado muitas vezes. Disputa com Seferovic a bota de prata. No meio campo Palhinha é o pêndulo da equipa assegurando o equilíbrio defensivo, enquanto João Mário fica entregue a tarefas de ligação. A equipa pressiona alto e não abdica de sair a jogar desde trás, exigindo muito exercício técnico a centrais e até guarda-redes.

Note-se que o Sporting ainda não perdeu para a Liga esta época. Os ‘leões’ nunca terminaram o campeonato sem derrotas, e apenas quatro conjuntos o fizeram na história da Liga Portuguesa. Conseguirá Rubén Amorim juntar o seu nome ao dos benfiquistas Jimmy Hagan (1972/73) e John Mortimore ( 1977/78) e dos portistas Villas Boas (2010/11) e Vítor Pereira (2012/13)?

Com o decorrer da época os adversários começaram a identificar melhor a estratégia do Sporting e a organizar-se defensivamente para conseguir travar o jogo posicional do ataque da turma de Alvalade. No último jogo, com o Famalicão, isso foi bastante evidente com os centrais do Sporting a verem-se obrigados a bater longo por falta de espaços para fazer entrar o passe. O desafio para Rubén Amorim neste final de época será criar novos padrões de movimento ofensivo para surpreender as equipas que se apresentarem em bloco baixo.

Por fim, sobra a questão que tantas vezes define o campeão: terá a equipa o estofo psicológico necessário para resistir à pressão de um final de época onde tudo se decide? Já com quatro expulsões esta época Rubén Amorim falhará os próximos dois jogos, podendo perder ainda o jogo com o Sporting de Braga dependendo da data que a Liga definir para o mesmo. O treinador terá de tentar adotar uma postura mais controlada se quiser transmitir ao seu jovem plantel a calma necessária para enfrentar este final de época.

Conseguirá o Sporting pôr fim a um jejum de 19 anos?

 

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